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Buenas Ideias, LUND: O VERDADEIRO HOMEM DAS CAVERNAS - EDUARDO BUENO - YouTube (1)

LUND: O VERDADEIRO HOMEM DAS CAVERNAS - EDUARDO BUENO - YouTube (1)

Cara, tu tem que ser um troglodita pra chamar alguém de "homem das cavernas". Homem das

cavernas! E ainda usar essa expressão em plena tribuna da ONU!!! "Temo em tratar e

manter nossos índios como verdadeiros homens das cavernas". Só mesmo um TROGLO... Troglo..

Troglodita quer dizer "homem das cavernas"? Tá, troglodita quer dizer "homem das cavernas",

tá, tá, então vamo mudar a frase. Tu tem que ser um retrógrado, tem que ser um anacrônico,

tem que ser um reacionário pra chamar alguém de "homem das cavernas", até porque o canal

Buenas Ideias, sempre na contramão da ignorância, vai te provar que foi um homem das cavernas

que descobriu o Brasil. O maravilhoso homem das cavernas, venha conhecer essa personagem

fascinante da nossa história. "Acenda as lanternas, acenda as lanternas e venha conhecer

o verdadeiro homem das cavernas". Quem foi que descobriu o Brasil? Quem foi que descobriu

o Brasil? Todo mundo sabe, cara, foi um dinamarquês. Claro que foi um dinamarquês. Pelo menos

descobriu o pré-Brasil, descobriu a pré-história do Brasil. Peter William Lund. Cara, Peter

Lund deveria ser cultuado, deveria ser venerado nesse pobre país até hoje. Esse sim era

um homem das cavernas! Ele nasceu na Dinamarca... Como convém, né, cara, qualquer pessoa que

presta nasce na Dinamarca, ou então na Noruega, ou então na Suécia, né. Nasceu na Dinamarca

e ainda por cima numa família de bem, numa família de camponeses mas bem sucedidos,

parará, com agricultura sustentável, tarará, botaram ele nas melhores escolas mas o garoto

era inquieto, era inquieto. Até porque corria nas veias dele o sangue de Soren Kierkegaard,

é, ele era primo do Kierkegaard, isso aí, primo do cara que escreveu o livro "O Desespero

Humano", é, um super filósofo dinamarquês, uma espécie assim de Ingmar Bergman da filosofia,

né cara, um cara sombrio e soturno, mas que refletia sobre a natureza humana com grande

propriedade e conhecimento. O Lund era esclarecido, era letrado e era inquieto, uma alma inquieta.

Veio pro Brasil, visitar o Brasil, chegou no Brasil a primeira vez em 1820 e tantos,

fim da década de 20 do século 19, ficou um tempo no Rio de Janeiro, se encantou com

as florestas e com as matas do Rio de Janeiro, como qualquer pessoa com dois neurônios,

voltou pra Dinamarca e voltou pro Brasil pra fazer pesquisas aqui nessa região do Rio

de Janeiro. Mas logo descobriu que havia todo um país, todo um território inexplorado

né, e ele parte numa missão de de reconhecimento, ele vinha basicamente pra estudar a flora,

a flora brasileira, as plantas, e vai pra Minas Gerais. Aí tá lá quase que à deriva

naquele mar de morros e chapadões requentados de Minas Gerais, né, quando entra numa taverna

imunda de beira de estrada ã ã numa cidade chamada Curvelo, "Grande Sertão: Veredas",

né, entra, segue essas veredas do grande sertão, entra na taberna em Curvelo, se senta,

e quando ele está sentado cara, entra um sujeito alto, grande, com umas botas enormes

assim, poc poc poc, mal encarado total, se dirige até o balcão, pega a garrafa de cachaça

particular dele, abre a garrafa de cachaça dele, serve, bate com a garrafa, toma um gole

de cachaça, puff, dá uma cuspida pro lado e diz em dinamarquês: "ainda bem que não

tem ninguém que entenda minha língua nesse lugar onde o diabo perdeu as botas" e o Peter

Lund ouve um cara falar dinamarquês, cara! No meio do nada em Minas Gerais, dinamarquês.

Daí ele diz: "não se fie tanto nisso, senhor", e aí se levanta, vai lá e conhece o cara.

O cara era um escroto, o cara era um canalha, era um desses exploradores aí, um ruralista,

pra dizer... Não, no caso nem era um ruralista embora fosse... Ele explorava Salitre, pra

fazer pólvora, nas cavernas de calcário de Minas Gerais. E eles começam a conversar,

o cara se chama Peter Claussen, né, e o Peter Claussen diz pra ele, diz pro Lund, "olha,

toda essa região aqui"... (eles tavam no Vale do Rio das Velhas), "existem mais de

duzentas cavernas calcárias aqui nessa região" e quando ele sabe que o Lund é um pesquisador

ele diz: "e repletas de ossos de animais antediluvianos". Papai, ó os animais antediluvianos! Esse

era o dia 10 de outubro de 1834. E tu deveria gravar na tua memória essa data. 10 de outubro

de 1834, porque essa data e esse encontro mudou a história da paleontologia, mudou

a história da ecologia da pré-história, mudou a história da pré-história. Sim,

cara. Porque o Lund, os olhos do Lund brilham e esse Claussen, que era realmente um sujeito

brutal, andava assim com tipo um chicote, dava umas porrada em qualquer um que encontrava,

tinha um monte de trabalhador quase escravo assim, papapá papapá, né, e ele leva o

Lund nessas cavernas, cara. E o Lund ingressa nessas cavernas, cara, logo em seguida ele

chegaria, inclusive naquela grande catedral subterrânea, naquele lugar repleto de estalactites,

estalagmites e grinaldas feitas de pedra e arabescos e requintes da natureza e ele é

tomado por um fervor religioso nessa gruta incrível que ainda existe, cai de joelhos

e decide dedicar o resto da sua vida a ler as páginas de pedra que a natureza tinha

esculpido nessas reentrâncias do Planeta Terra. Porque ele, embora fosse um cientista,

era também luterano, quase praticante, sabe, ele estudava muito a Bíblia, tal, e ele tinha

sido aluno do George Cuvier, que era o grande francês lá, estudioso, o cara que criou,

junto com o Lineu as ciências naturais, e que defendia a tese do catastrofismo, que

nem tem gente... tem CATÁSTROFES aí no Brasil hoje em dia, né. E essa tese era de que tinha

havido um grande dilúvio, tinha afogado todos os animais antediluvianos e que a Terra tinha

passado por um cataclismo, tal né, mas que a Terra teria 5.435 anos. 5.435 anos era a

idade da Terra, segundo a Bíblia e segundo o que o próprio Cuvier achava e segundo,

em tese, o que o próprio Lund acharia. 5000 anos de idade. Mas ele achava, ao mesmo tempo,

o Lund, que Deus havia deixado... Ele queria desvendar o grande plano geral da criação.

Ele achava que Deus tinha deixado pequenas pistas, pequenas raspas e restos

em locais remotos do mundo, que seriam indícios que você, como num quebra-cabeças, poderia

montar a história do mundo. E ele percebeu que naquelas cavernas poderiam estar essas

raspas, esses restos, esses vestígios. Aí cara, ele começa a pesquisar essas cavernas,

o que ele faria durante 30 anos, ele descobriu, por exemplo, 22 mil mandíbulas de um único

tipo de animal pré-histórico, ele descobriu 120 mil vértebras, ele encheu 50 contêiners

de ossos de animais antediluvianos, animais pré-históricos, entendeu. E aí ele descobriu

o megatério, o preguiça gigante, o animal que deveria ser símbolo do Brasil, né cara,

vai aparecer aqui, vou por o megatério gigante, o preguiça, vivia sem fazer porra nenhuma

o megatério, né, o preguiça gigante, meu animal favorito. E aí ele pesquisando, pesquisando,

assim, viajando, sempre a luz de velas e tal papapá, né, com circunstâncias difíceis

e ele se instala numa pequena casa que ele vai aumentando nas margens da Lagoa Santa.

Cara, eu queria fazer um episódio simples, mas é que só dizendo o nome Lagoa Santa

eu já fico totalmente pirado porque a Lagoa era Santa. A Lagoa Santa tinha sido vista

pela primeira vez na bandeira do Fernão Dias, né, esse bandeirante alucinado, maluco, que

partiu lá de São Paulo em 1643 em busca de esmeraldas que não estavam lá onde ele

as buscava, né, morreu num delírio febril com turmalinas na mão achando que as turmalinas

eram esmeraldas, cara, se envolveu lá com o Borba Gato, mandou enforcar o próprio filho,

algum dia farei um episódio sobre o Fernão Dias que é uma coisa louca, né. Ele passou

e viu essa lagoa. Essa lagoa foi batizada de Lagoa Grande das Congonhas de Sabarabuçu.

Era o nome da lagoa. E aí cara, em 1733, um outro cara chamado Felipe Rodrigues chegou

nessa lagoa, fez uma casinha ali e o cara era todo podre, cheio de eczema na pele, tudo

horroroso que nem esses bandeirante paulista, tudo horrível, tudo grrrlah, parecendo aqueles

Piratas do Caribe lá do grrhh com uma lagosta na cara, cheio de eczema... Se lavou na lagoa

e se curou! Se curou! Poderia ser um único caso, né, só que daí se espalhou a notícia

de que as águas dessa lagoa eram santas e um monte de gente... Cara, esse episódio

vai ter uma hora, vai ter uma hora esse episódio que eu não tô nem no início do começo

do princípio e a minha filha que vai ter que legendar mesmo (valeu, papito!), ela que

fique legendando mesmo por cinco dias porque pelo menos tá aprendendo alguma coisa e tu

também tá aprendendo alguma coisa e aí já perdi 30 segundos só com isso, não precisava,

e aí o cara se curou e um monte de gente começou a se curar, cara. Começou a se curar

nas águas sagradas, nas águas curativas, nas águas repletas de efeitos minerais de

água santa, né, e aí esse Felipe, Felipe... Felipe não sei das quantas, já esqueci,

Felipe Rodrigues, ã, mandou um relato prum Frei Miranda de Sabará, e o Frei Miranda

mandou um sobrinho dele tal, e o sobrinho dele relatou todos os casos de cura e escreveu

um livro chamado "Prodigiosa Lagoa Descoberta nas Congonhas das Minas do Sabará, que tem

curado várias pessoas dos achaques como nessa relação se expõe". E mandou esse livro

pra Lisboa com todos os relatos de cura e passaram a exportar água pra Lisboa, dentro

de pequenos... tipo a água santa do Jordão, hahaha, só que essa funcionava, ao contrário

da água santa do Jordão, e aí o rei teve que proibir a comercialização dessa água

em Portugal porque ela competia com as águas de caldas da Rainha, que também eram águas

minerais, parará... não interessa, o certo é que a Lagoa Santa, cara, era um lugar mágico,

um lugar incrível, a própria lagoa, e hoje tá ali né cara, já cercado com condomínio,

não sei o que, porque é muito perto de de de de Belo Horizonte, muito perto do aeroporto

de Confins , confins do mundo ali né cara, e aí já tem toda aquela coisa bem brasileira,

a lagoa tá lá assim GROOHhh, já não é mais santa a lagoa, né cara. Só que ali

o Lund ficou morando, né cara, e além de ter ficado morando ali ele começou a receber

pessoas incríveis ali, eu te falei que o episódio agora vai demorar uma hora, porque

cara, ele conheceu um cara chamado Andreas Brandt. O Andreas Brandt era nascido em Trondheim,

Trondheim, Eduardo Bueno esteve em Trondheim em busca da Aurora Boreal, mas a Aurora Boreal

não estava presente quando Eduardo Bueno esteva em Trondheim. Ele era norueguês, nascido

nessa cidade incrível lá em cima da Noruega, que também veio pro Brasil em 1830 e era

um andarilho... Se bem que ele era um gauche, gauche na vida, era um desviante, um cara

com um comportamento meio errático, nada deu certo na vida dele a não ser no momento

que ele encontrou o Peter Lund e passou a desenhar as grutas e os ossos antediluvianos

que eles encontraram, não é, e e ilustrar os livros do Lund. O Lund pagava bem pra ele.

Ele era um brilhante, maravilhoso ilustrador, você tá vendo já desde o início imagens

pintadas por esse Andreas Brandt, mas ele era um cara bem complicado mesmo, tava com

mil dívidas na Noruega, já tinha contraído dívidas no Rio de Janeiro, não sei o que,

tentou produzir vinho ali na na na região de Minas Gerais, não deu certo, morreu na

desgraça o pobre Andreas Brandt. Mas não foi só quem o Lund conviveu e conheceu, o

Lund também atraiu pra lá um outro botânico chamado Ludwig Riedel, que no Brasil chamam

de Luís Riedel, que era também dinamarquês e que tinha sido diretor do Passeio Público,


LUND: O VERDADEIRO HOMEM DAS CAVERNAS - EDUARDO BUENO - YouTube (1)

Cara, tu tem que ser um troglodita pra chamar alguém de "homem das cavernas". Homem das

cavernas! E ainda usar essa expressão em plena tribuna da ONU!!! "Temo em tratar e

manter nossos índios como verdadeiros homens das cavernas". Só mesmo um TROGLO... Troglo..

Troglodita quer dizer "homem das cavernas"? Tá, troglodita quer dizer "homem das cavernas",

tá, tá, então vamo mudar a frase. Tu tem que ser um retrógrado, tem que ser um anacrônico,

tem que ser um reacionário pra chamar alguém de "homem das cavernas", até porque o canal

Buenas Ideias, sempre na contramão da ignorância, vai te provar que foi um homem das cavernas

que descobriu o Brasil. O maravilhoso homem das cavernas, venha conhecer essa personagem

fascinante da nossa história. "Acenda as lanternas, acenda as lanternas e venha conhecer

o verdadeiro homem das cavernas". Quem foi que descobriu o Brasil? Quem foi que descobriu

o Brasil? Todo mundo sabe, cara, foi um dinamarquês. Claro que foi um dinamarquês. Pelo menos

descobriu o pré-Brasil, descobriu a pré-história do Brasil. Peter William Lund. Cara, Peter

Lund deveria ser cultuado, deveria ser venerado nesse pobre país até hoje. Esse sim era

um homem das cavernas! Ele nasceu na Dinamarca... Como convém, né, cara, qualquer pessoa que

presta nasce na Dinamarca, ou então na Noruega, ou então na Suécia, né. Nasceu na Dinamarca

e ainda por cima numa família de bem, numa família de camponeses mas bem sucedidos,

parará, com agricultura sustentável, tarará, botaram ele nas melhores escolas mas o garoto

era inquieto, era inquieto. Até porque corria nas veias dele o sangue de Soren Kierkegaard,

é, ele era primo do Kierkegaard, isso aí, primo do cara que escreveu o livro "O Desespero

Humano", é, um super filósofo dinamarquês, uma espécie assim de Ingmar Bergman da filosofia,

né cara, um cara sombrio e soturno, mas que refletia sobre a natureza humana com grande

propriedade e conhecimento. O Lund era esclarecido, era letrado e era inquieto, uma alma inquieta.

Veio pro Brasil, visitar o Brasil, chegou no Brasil a primeira vez em 1820 e tantos,

fim da década de 20 do século 19, ficou um tempo no Rio de Janeiro, se encantou com

as florestas e com as matas do Rio de Janeiro, como qualquer pessoa com dois neurônios,

voltou pra Dinamarca e voltou pro Brasil pra fazer pesquisas aqui nessa região do Rio

de Janeiro. Mas logo descobriu que havia todo um país, todo um território inexplorado

né, e ele parte numa missão de de reconhecimento, ele vinha basicamente pra estudar a flora,

a flora brasileira, as plantas, e vai pra Minas Gerais. Aí tá lá quase que à deriva

naquele mar de morros e chapadões requentados de Minas Gerais, né, quando entra numa taverna

imunda de beira de estrada ã ã numa cidade chamada Curvelo, "Grande Sertão: Veredas",

né, entra, segue essas veredas do grande sertão, entra na taberna em Curvelo, se senta,

e quando ele está sentado cara, entra um sujeito alto, grande, com umas botas enormes

assim, poc poc poc, mal encarado total, se dirige até o balcão, pega a garrafa de cachaça

particular dele, abre a garrafa de cachaça dele, serve, bate com a garrafa, toma um gole

de cachaça, puff, dá uma cuspida pro lado e diz em dinamarquês: "ainda bem que não

tem ninguém que entenda minha língua nesse lugar onde o diabo perdeu as botas" e o Peter

Lund ouve um cara falar dinamarquês, cara! No meio do nada em Minas Gerais, dinamarquês.

Daí ele diz: "não se fie tanto nisso, senhor", e aí se levanta, vai lá e conhece o cara.

O cara era um escroto, o cara era um canalha, era um desses exploradores aí, um ruralista,

pra dizer... Não, no caso nem era um ruralista embora fosse... Ele explorava Salitre, pra

fazer pólvora, nas cavernas de calcário de Minas Gerais. E eles começam a conversar,

o cara se chama Peter Claussen, né, e o Peter Claussen diz pra ele, diz pro Lund, "olha,

toda essa região aqui"... (eles tavam no Vale do Rio das Velhas), "existem mais de

duzentas cavernas calcárias aqui nessa região" e quando ele sabe que o Lund é um pesquisador

ele diz: "e repletas de ossos de animais antediluvianos". Papai, ó os animais antediluvianos! Esse

era o dia 10 de outubro de 1834. E tu deveria gravar na tua memória essa data. 10 de outubro

de 1834, porque essa data e esse encontro mudou a história da paleontologia, mudou

a história da ecologia da pré-história, mudou a história da pré-história. Sim,

cara. Porque o Lund, os olhos do Lund brilham e esse Claussen, que era realmente um sujeito

brutal, andava assim com tipo um chicote, dava umas porrada em qualquer um que encontrava,

tinha um monte de trabalhador quase escravo assim, papapá papapá, né, e ele leva o

Lund nessas cavernas, cara. E o Lund ingressa nessas cavernas, cara, logo em seguida ele

chegaria, inclusive naquela grande catedral subterrânea, naquele lugar repleto de estalactites,

estalagmites e grinaldas feitas de pedra e arabescos e requintes da natureza e ele é

tomado por um fervor religioso nessa gruta incrível que ainda existe, cai de joelhos

e decide dedicar o resto da sua vida a ler as páginas de pedra que a natureza tinha

esculpido nessas reentrâncias do Planeta Terra. Porque ele, embora fosse um cientista,

era também luterano, quase praticante, sabe, ele estudava muito a Bíblia, tal, e ele tinha

sido aluno do George Cuvier, que era o grande francês lá, estudioso, o cara que criou,

junto com o Lineu as ciências naturais, e que defendia a tese do catastrofismo, que

nem tem gente... tem CATÁSTROFES aí no Brasil hoje em dia, né. E essa tese era de que tinha

havido um grande dilúvio, tinha afogado todos os animais antediluvianos e que a Terra tinha

passado por um cataclismo, tal né, mas que a Terra teria 5.435 anos. 5.435 anos era a

idade da Terra, segundo a Bíblia e segundo o que o próprio Cuvier achava e segundo,

em tese, o que o próprio Lund acharia. 5000 anos de idade. Mas ele achava, ao mesmo tempo,

o Lund, que Deus havia deixado... Ele queria desvendar o grande plano geral da criação.

Ele achava que Deus tinha deixado pequenas pistas, pequenas raspas e restos

em locais remotos do mundo, que seriam indícios que você, como num quebra-cabeças, poderia

montar a história do mundo. E ele percebeu que naquelas cavernas poderiam estar essas

raspas, esses restos, esses vestígios. Aí cara, ele começa a pesquisar essas cavernas,

o que ele faria durante 30 anos, ele descobriu, por exemplo, 22 mil mandíbulas de um único

tipo de animal pré-histórico, ele descobriu 120 mil vértebras, ele encheu 50 contêiners

de ossos de animais antediluvianos, animais pré-históricos, entendeu. E aí ele descobriu

o megatério, o preguiça gigante, o animal que deveria ser símbolo do Brasil, né cara,

vai aparecer aqui, vou por o megatério gigante, o preguiça, vivia sem fazer porra nenhuma

o megatério, né, o preguiça gigante, meu animal favorito. E aí ele pesquisando, pesquisando,

assim, viajando, sempre a luz de velas e tal papapá, né, com circunstâncias difíceis

e ele se instala numa pequena casa que ele vai aumentando nas margens da Lagoa Santa.

Cara, eu queria fazer um episódio simples, mas é que só dizendo o nome Lagoa Santa

eu já fico totalmente pirado porque a Lagoa era Santa. A Lagoa Santa tinha sido vista

pela primeira vez na bandeira do Fernão Dias, né, esse bandeirante alucinado, maluco, que

partiu lá de São Paulo em 1643 em busca de esmeraldas que não estavam lá onde ele

as buscava, né, morreu num delírio febril com turmalinas na mão achando que as turmalinas

eram esmeraldas, cara, se envolveu lá com o Borba Gato, mandou enforcar o próprio filho,

algum dia farei um episódio sobre o Fernão Dias que é uma coisa louca, né. Ele passou

e viu essa lagoa. Essa lagoa foi batizada de Lagoa Grande das Congonhas de Sabarabuçu.

Era o nome da lagoa. E aí cara, em 1733, um outro cara chamado Felipe Rodrigues chegou

nessa lagoa, fez uma casinha ali e o cara era todo podre, cheio de eczema na pele, tudo

horroroso que nem esses bandeirante paulista, tudo horrível, tudo grrrlah, parecendo aqueles

Piratas do Caribe lá do grrhh com uma lagosta na cara, cheio de eczema... Se lavou na lagoa

e se curou! Se curou! Poderia ser um único caso, né, só que daí se espalhou a notícia

de que as águas dessa lagoa eram santas e um monte de gente... Cara, esse episódio

vai ter uma hora, vai ter uma hora esse episódio que eu não tô nem no início do começo

do princípio e a minha filha que vai ter que legendar mesmo (valeu, papito!), ela que

fique legendando mesmo por cinco dias porque pelo menos tá aprendendo alguma coisa e tu

também tá aprendendo alguma coisa e aí já perdi 30 segundos só com isso, não precisava,

e aí o cara se curou e um monte de gente começou a se curar, cara. Começou a se curar

nas águas sagradas, nas águas curativas, nas águas repletas de efeitos minerais de

água santa, né, e aí esse Felipe, Felipe... Felipe não sei das quantas, já esqueci,

Felipe Rodrigues, ã, mandou um relato prum Frei Miranda de Sabará, e o Frei Miranda

mandou um sobrinho dele tal, e o sobrinho dele relatou todos os casos de cura e escreveu

um livro chamado "Prodigiosa Lagoa Descoberta nas Congonhas das Minas do Sabará, que tem

curado várias pessoas dos achaques como nessa relação se expõe". E mandou esse livro

pra Lisboa com todos os relatos de cura e passaram a exportar água pra Lisboa, dentro

de pequenos... tipo a água santa do Jordão, hahaha, só que essa funcionava, ao contrário

da água santa do Jordão, e aí o rei teve que proibir a comercialização dessa água

em Portugal porque ela competia com as águas de caldas da Rainha, que também eram águas

minerais, parará... não interessa, o certo é que a Lagoa Santa, cara, era um lugar mágico,

um lugar incrível, a própria lagoa, e hoje tá ali né cara, já cercado com condomínio,

não sei o que, porque é muito perto de de de de Belo Horizonte, muito perto do aeroporto

de Confins , confins do mundo ali né cara, e aí já tem toda aquela coisa bem brasileira,

a lagoa tá lá assim GROOHhh, já não é mais santa a lagoa, né cara. Só que ali

o Lund ficou morando, né cara, e além de ter ficado morando ali ele começou a receber

pessoas incríveis ali, eu te falei que o episódio agora vai demorar uma hora, porque

cara, ele conheceu um cara chamado Andreas Brandt. O Andreas Brandt era nascido em Trondheim,

Trondheim, Eduardo Bueno esteve em Trondheim em busca da Aurora Boreal, mas a Aurora Boreal

não estava presente quando Eduardo Bueno esteva em Trondheim. Ele era norueguês, nascido

nessa cidade incrível lá em cima da Noruega, que também veio pro Brasil em 1830 e era

um andarilho... Se bem que ele era um gauche, gauche na vida, era um desviante, um cara

com um comportamento meio errático, nada deu certo na vida dele a não ser no momento

que ele encontrou o Peter Lund e passou a desenhar as grutas e os ossos antediluvianos

que eles encontraram, não é, e e ilustrar os livros do Lund. O Lund pagava bem pra ele.

Ele era um brilhante, maravilhoso ilustrador, você tá vendo já desde o início imagens

pintadas por esse Andreas Brandt, mas ele era um cara bem complicado mesmo, tava com

mil dívidas na Noruega, já tinha contraído dívidas no Rio de Janeiro, não sei o que,

tentou produzir vinho ali na na na região de Minas Gerais, não deu certo, morreu na

desgraça o pobre Andreas Brandt. Mas não foi só quem o Lund conviveu e conheceu, o

Lund também atraiu pra lá um outro botânico chamado Ludwig Riedel, que no Brasil chamam

de Luís Riedel, que era também dinamarquês e que tinha sido diretor do Passeio Público,