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Buenas Ideias, NILO PEÇANHA, O PRIMEIRO PRESIDENTE NEGRO DO BRASIL

NILO PEÇANHA, O PRIMEIRO PRESIDENTE NEGRO DO BRASIL

Paz e amor, bicho. Paz e amor. Todo mundo na maior tranquilidade, todo mundo zen, todo

mundo viajando, cara. Sem confronto, cara. Na boa! Na paz. Fica na paz e faz amor. Essa

é a saída pra qualquer situação, essa é a saída pra qualquer camada da população.

Essa é a saída pra qualquer presidente que queira ser realmente o presidente da gente.

"Seja niilista, seja niilista, apoie o nosso presidente negro e populista!". É, cara,

é, o Brasil já teve um presidente negro. O Brasil já teve um presidente negro! Tudo

bem, não era negro negro negro, negão assim, mas era mulato, bem mulato. Ele sempre soube

que ele era mulato, mas por uma questão racial clara e nítida do Brasil, ele nunca assumiu

plenamente a sua negritude. Mas é só estudar não apenas as fotografias, não apenas as

feições, não apenas o cabelo, mas a trajetória do Nilo Peçanha, e tudo que aconteceu com

ele desde o nascimento até a morte, pra você saber que sim, o Brasil teve um presidente

negro, e se não negro, repetindo, mulato, bem mulato. E o melhor de tudo, sabe o que

que é? É que assim que ele assumiu a presidência, ele declarou: "vou fazer um governo baseado

na paz e no amor". Hein, não é lindo? É! Claro, ele só podia ter nascido em 67, né,

no verão do amor. Tá, foi em 1867, foi no dia 10 de outubro de 1867, né, era um libriano

o Nilo Peçanha. E é claro que a gente não tem a plena... quer dizer, a gente não tem,

não! Vocês não tem porque vocês não sabem nada, não sabem quem foi nenhum dos presidentes,

sabe lá no máximo do Marechal Deodoro, os que sabem, depois lá Campos Sales, mas é

que é o seguinte, no caso específico do Nilo Peçanha, ele era vice-presidente, que

acabou assumindo a presidência, então também já fica uma coisa diferente, mas foram vários

vices que assumiram na história do Brasil, vários desses vices tiveram momentos de grande

turbulência, outros nem tanto, lembrando que né, Sarney era vice, lembrando que Itamar

era vice, né, e o Nilo Peçanha era vice do Afonso Pena. O Afonso Pena era um mineiro

que segundo um dos seus inimigos tinha sido um funcionário público promovido por abandono

de emprego. Hehe é, porque o Afonso Pena tinha sido vice-presidente anteriormente,

não tinha feito nada, tinha ficado morando na fazenda dele em Minas Gerais, depois foi

eleito presidente, né. Mas cara, o o, esse episódio não é sobre o Afonso Pena, né,

talvez algum dia eu me rebaixe a fazer um episódio sobre o Afonso Pena, mas o fato

é que o Afonso Pena morreu de desgosto durante o seu mandato. Ele morreu em julho de 1909,

quando ainda faltavam dezessete meses para o encerramento do seu mandato. Ele morreu

por uma série de motivos mas o principal deles foi que ele morreu de desgosto pela

morte do filho mais velho. Mas ele também morreu porque ele foi desafiado pelo seu próprio

ministro da Guerra, o Hermes da Fonseca, que era sobrinho do marechal Deodoro da Fonseca,

né, que entrou no gabinete presidencial no palácio do Catete, bateu com a espada na

mesa e disse "eu serei o próximo presidente do Brasil"! Porque havia aquele esquema de

alternância no poder, né, de presidentes paulistas com mineiros, era o esquema do café

com leite, tão bem urdido, tão bem articulado pelo Campos Sales, e que poderia demorar,

durar por toda a eternidade, se não tivesse começado a sofrer as suas fissuras, primeiro

nesse governo do Afonso Pena, que quis fazer o seu sucessor um mineiro, sendo que era já

ele mineiro. Mas o cara morreu. Daí ele mesmo assim tentou um outro sucessor, um tal David

Campista, que era o Ministro da Fazenda dele, né. Criou uma grande celeuma entre os partidos

republicanos do Brasil e o Hermes da Fonseca, que era do Partido Republicano Conservador

e era ministro da Guerra do Afonso Pena, disse "nãaao, o presidente vou ser eu, vou ser

eu, vou ser eu!", dizem que foi uma briga ali no palácio do Catete, né, e o Afonso

Pena começou a ficar meio assim, bababá, morreu o filho dele e ele poft, bateu as botas.

E o vice dele era o Nilo Peçanha. E agora que vai começar o episódio, cara, porque

se tu soubesse alguma coisa sobre história do Brasil eu nem precisaria ter falado tudo

isso, já entrava direto, porque você saberia que o Nilo Peçanha tinha sido eleito com

272.500 votos contra 618 votos do candidato da outra chapa. Isso mesmo, 272.500 votos

contra 618 votos do tal Alfredo Varella. E por quê? Porque ele tinha sido deputado constituinte

na Constituição de 1891, ele tinha sido deputado pelo Rio de Janeiro, ele tinha sido

presidente da província do do do, é, ele tinha sido presidente do Rio de Janeiro, na

época se chamava assim, presidente de estado né, e tinha sido um ótimo presidente. A

história dele é a seguinte, ele nasceu em Campos, Campos dos Goytacazes, né, na cidade

de Campos, que ainda está aqui no mesmo lugar aqui no norte do Rio de Janeiro, e ele era

filho cara, do cara chamado Sebastião da Padaria. É, o pai dele se chamava Sebastião

de Souza Peçanha e era padeiro, e se chamava, era conhecido como Sebastião da Padaria.

E a mãe dele era Joaquina Sá Freire, e ele nasceu no Morro do Coco, né, tanto é que

ele seria várias vezes chamado, principalmente pela elite canavieira de Campos de "o mulato

do morro do coco". E ele próprio disse que foi criado, cara, a base de pão dormido e

paçoca. Era uma família de classe média baixa, era uma família pobre, talvez nem

fosse classe média baixa, né cara, fosse pobre, pobre mesmo. Mas o Nilo Peçanha desde

o início cara, foi um cara determinado, foi um cara focado, foi um cara disposto a subir

na vida pelo próprio esforço, e mesmo tendo estudado em escola pública, ele conseguiu

entrar na faculdade de Direito do Largo São Francisco, em São Paulo, que formou tantos

políticos e tantas pessoas importantes na história do Brasil. Mas ele saiu dessa faculdade

e foi pra faculdade do Recife, que também foi o outro polo que formou bacharéis, que

formou advogados, que formou pessoas ligadas ao judiciário que se envolveram na política

no Brasil. E ele se formou ã ã como advogado na faculdade do Recife, veio pro Rio de Janeiro,

e se ligou evidentemente nas causas abolicionistas, era óbvio, lutou bastante pela abolição

e aí depois se vinculou ao Partido Republicano, apoiou o golpe militar republicano de 1889,

e aí foi eleito deputado constituinte em 1890, participou da Constituição, e aí

depois foi deputado pelo Rio de Janeiro, aí foi presidente do Rio de Janeiro em 1903,

dizem que fez uma administração impecável, impecável, foi um dos melhores governadores

da da da, na época chamava presidente, já falei, do Rio de Janeiro. Depois, em 1906,

se reelegeu outra vez, até que resolveu então concorrer como vice-presidente na chapa do

Afonso Pena, foi eleito com grande margem de vantagem, e aí teve que assumir a presidência,

cara. Assumiu a presidência com o país rachado, com o país problemático, e sua primeira

declaração foi "farei um governo baseado na paz e no amor". Hahaha, não é sensacional,

não é maravilhoso? Os hippies roubaram essa frase do extraordinário Nilo Peçanha! E

na verdade é o seguinte, cara, foi um certo disfarce, porque embora ele tenha sido o primeiro

presidente realmente populista, popular, popular e populista, porque ele costumava percorrer

os bares, percorrer as lojas do centro do Rio de Janeiro, falava com todo mundo, bababá,

era muito bem quisto pelo povo de várias camadas ã sociais, né, ele ao mesmo tempo

era um político ardiloso, uma raposa, porque ele sabia agir com a mão forte de um caudilho,

mas isso por debaixo das cortinas, porque ele, ele atacou fortemente os seus, os seus

adversários políticos, se livrou deles, e ele teve que comandar com mão de ferro,

embora disfarçadamente, um país bastante tumultuado. Mas eles nesses 17 meses conseguiu

de certa forma apaziguar o país. Porém, porém, né, ele rompeu com o Partido Republicano

Paulista e ele rompeu com o Partido Republicano Fluminense, né, do qual ele tinha sido fundador,

e se aliou cara, com o Partido Republicano Conservador, apoiando o Hermes da Fonseca

contra o Rui Barbosa. É, algum dia eu vou fazer aqui um episódio sobre as eleições

de 1910, que foram as eleições mais polarizadas da história do Brasil, mais polarizada que

Lula e Collor em 89, mais polarizada que o poste, a coisa e o coiso em 2018, e que botou

de um lado a pena, o Rui Barbosa, a pena de peninha, de escritor, e a espada, que era

o Hermes da Fonseca. Ganhou evidentemente a espada, com o apoio do Nilo Peçanha, com

o apoio do Nilo Peçanha. Então mesmo sendo o Nilo Peçanha o nosso primeiro presidente

quase negro, o nosso primeiro presidente mulato, o nosso primeiro presidente popular, ele também...

Só porque ele era mulato ou quase negro não significa que a gente vá, politicamente correto

dizer, "nãao, que maravilha que foi o Nilo Peçanha". O Nilo Peçanha não foi uma maravilha!

Mas teve um lado que foi um avanço com relação a vários outros presidentes, né. A questão

é que ele nunca conseguiu assumir plenamente a sua origem ãaa negra. Nunca conseguiu,

porque não havia a menor condição. Porque na própria... Porque cara, ao que tudo isso

está ligado ao casamento dele, e a própria ascensão política dele está ligada também

ao casamento, deveria talvez ter falado isso antes, porque ele casou em 1888 com a Anita,

a Ana de Castro Soares de Souza, que era neta de visconde e bisneta de barão, da alta aristocracia

de campos, só que pra casar com ele a Anita teve que fugir de casa, o pai teria morrido

de desgosto e a mãe nunca falou com ela, até a morte do Nilo Peçanha, porque disse

"vai casar com o mulato do morro do coco", e as charges, os deboches que se faziam a

ele, especialmente em campos, mas também no Rio de Janeiro antes dele se firmar como

uma força política inatacável, eram evidentemente de cunho racista, né. Mas o grande historiador

Alberto Costa e Silva, atual, tá vivo ainda, genial, talvez junto com o Evaldo Cabral de

Melo, o maior historiador brasileiro vivo, tem 90 anos de idade, ele diz que não foi

só o Nilo Peçanha que escondeu suas raízes negras! Que o Rodrigues Alves, o Campos Sales

e o Washington Luis também tinham "um pé na cozinha", pra usar a expressão que o FH,

o FHC usou, só que daí usou com grande orgulho, "ah, eu tenho um pé na cozinha", blablablá

blablablá, que aliás nunca ficou plenamente confirmado esse pé na cozinha do FH, né.

Mas com certeza ficaram confirmados os pés na cozinha de Rodrigues Alves, Washington

Luis... Mas o maior desses era evidentemente o do Nilo Peçanha, que nunca pôde fazer

nenhuma campanha pró negritude porque os tempos eram outros, né, 1910, 1911, 1912.

De qualquer forma, e pelo outro lado, ele criou o primeiro movimento personalista na

história do Brasil. É! Ele criou o Nilismo. Não é sensacional? Nilismo! Só que não

é niilismo, né, é nilismo! Eram os caras que eram seguidores do Nilo Peçanha, e seguidores

fanáticos do Nilo Peçanha. E que afrontavam os seus inimigos políticos, especialmente

os bacquistas, do tal Alfredo Bacques, que hoje ninguém mais sabe quem é, que era o

grande inimigo político do Nilo Peçanha. Durante o seu governo o Nilo Peçanha criou

o Serviço de Proteção do Índio, que deu origem a Funai, porque ele era muito amigo

do marechal Rondon, que claro que algum dia ganhará um extraordinário episódio em cinco

partes aqui no NVCE... Cinco eu não sei cara, mas o Rondon, um brasileiro incrível, no

mínimo dois episódios vai ter que ganhar, né. E além de fazer o Serviço de Proteção

ao Índio, ele também criou a primeira escola de aprendizes e de ofícios do Brasil, porque


NILO PEÇANHA, O PRIMEIRO PRESIDENTE NEGRO DO BRASIL NILO PEÇANHA, DER ERSTE SCHWARZE PRÄSIDENT BRASILIENS NILO PEÇANHA, BRAZIL'S FIRST BLACK PRESIDENT NILO PEÇANHA, PRIMER PRESIDENTE NEGRO DE BRASIL NILO PEÇANHA, PIERWSZY CZARNOSKÓRY PREZYDENT BRAZYLII

Paz e amor, bicho. Paz e amor. Todo mundo na maior tranquilidade, todo mundo zen, todo Love and peace, love and peace. Everyone all chilled, all zen.

mundo viajando, cara. Sem confronto, cara. Na boa! Na paz. Fica na paz e faz amor. Essa Everyone high, dude. No conflicts, mate. Chilling. Stay in peace and make love love.

é a saída pra qualquer situação, essa é a saída pra qualquer camada da população. This is the right path to any situation, thi is the right path to any social class.

Essa é a saída pra qualquer presidente que queira ser realmente o presidente da gente. This is the right path to any president that aims to really be our president.

"Seja niilista, seja niilista, apoie o nosso presidente negro e populista!". É, cara, "Be nihilist, be nihilist! Support our president, black and populist!".

é, o Brasil já teve um presidente negro. O Brasil já teve um presidente negro! Tudo Brazil already had a black president. Brazil already had a black president! Well

bem, não era negro negro negro, negão assim, mas era mulato, bem mulato. Ele sempre soube He wasnt THAT black BLACK but he was at least brown. He always knew

que ele era mulato, mas por uma questão racial clara e nítida do Brasil, ele nunca assumiu that he was brown, but for a racial matter he didn't assumed

plenamente a sua negritude. Mas é só estudar não apenas as fotografias, não apenas as his plain 'blackness'. But it's only studying not only by photographs, not only by the face features,

feições, não apenas o cabelo, mas a trajetória do Nilo Peçanha, e tudo que aconteceu com not only by the hair, but by the his, Nilo Peçanha, trajectory and everything that happened to him

ele desde o nascimento até a morte, pra você saber que sim, o Brasil teve um presidente from his birth till his death, so you will well know that YES, Brazil had a black president

negro, e se não negro, repetindo, mulato, bem mulato. E o melhor de tudo, sabe o que and if not black, brown. And the best of all, you know what?

que é? É que assim que ele assumiu a presidência, ele declarou: "vou fazer um governo baseado As he assumed the presidency he declared "I will do a government based on peace and love"

na paz e no amor". Hein, não é lindo? É! Claro, ele só podia ter nascido em 67, né, Well, isn't it beautiful? Yes! Of course he was born at 67s, at the love's summertimes.

no verão do amor. Tá, foi em 1867, foi no dia 10 de outubro de 1867, né, era um libriano Ok, it was at 1867, the day 10th of october, he was a libran.

o Nilo Peçanha. E é claro que a gente não tem a plena... quer dizer, a gente não tem, And of course we don't have a plain... I mean, don't have a clue, we don't!

não! Vocês não tem porque vocês não sabem nada, não sabem quem foi nenhum dos presidentes, Because you know nothing, you don't know any of the presidents Brasil had,

sabe lá no máximo do Marechal Deodoro, os que sabem, depois lá Campos Sales, mas é might know at least Marechal Deodoro, the ones who know something, maybe Campos Sales too, but

que é o seguinte, no caso específico do Nilo Peçanha, ele era vice-presidente, que the thing is, in the case of Nilo Peçanha, he was a vice-president, that

acabou assumindo a presidência, então também já fica uma coisa diferente, mas foram vários ended up assuming the presidency, so it's already a different situation, but there were many

vices que assumiram na história do Brasil, vários desses vices tiveram momentos de grande vices that assumed down the history of Brazil, many of whom had great moments

turbulência, outros nem tanto, lembrando que né, Sarney era vice, lembrando que Itamar of turbulence, other not that much, remebering that Sarney was a vice, Itamar

era vice, né, e o Nilo Peçanha era vice do Afonso Pena. O Afonso Pena era um mineiro was a vice and Nilo Peçanha was the vice of Afonso Pena. Afonso Pena was from Minas Gerais state

que segundo um dos seus inimigos tinha sido um funcionário público promovido por abandono that according to some of his enemies had been a public agent promoted by job abandonment

de emprego. Hehe é, porque o Afonso Pena tinha sido vice-presidente anteriormente, HAHA yes! Because Afonso Pena had been vice previously,

não tinha feito nada, tinha ficado morando na fazenda dele em Minas Gerais, depois foi hadn't done a thing, had been living at his farm in Minas Gerais state, after that

eleito presidente, né. Mas cara, o o, esse episódio não é sobre o Afonso Pena, né, elected president. But dude, this episode isn't about Afonso Pena,

talvez algum dia eu me rebaixe a fazer um episódio sobre o Afonso Pena, mas o fato maybe some day I could allow myself getting that low and work on and episode about Afonso Pena

é que o Afonso Pena morreu de desgosto durante o seu mandato. Ele morreu em julho de 1909, But the fact is that Afonso Pena died out of heartbreak of his mandate. He died in july of 1909,

quando ainda faltavam dezessete meses para o encerramento do seu mandato. Ele morreu when there were still 17 months till the end of his service. He died

por uma série de motivos mas o principal deles foi que ele morreu de desgosto pela for a series of motives but the main of them was the disgust he felt after his

morte do filho mais velho. Mas ele também morreu porque ele foi desafiado pelo seu próprio older son's death. But he also died because he was defied by his own

ministro da Guerra, o Hermes da Fonseca, que era sobrinho do marechal Deodoro da Fonseca, war minister, Hermes da FOnseca, that was nephew of marechal Deodoro da Fonseca,

né, que entrou no gabinete presidencial no palácio do Catete, bateu com a espada na that entered the presidential gabinet at the Catete palace, hit the sword at the table

mesa e disse "eu serei o próximo presidente do Brasil"! Porque havia aquele esquema de and said "I'm gonna be the next president of Brasil!" Because there was that

alternância no poder, né, de presidentes paulistas com mineiros, era o esquema do café power alternance scheme, of presidents from São Paulo state and Minas Gerais state, it was the "café com

com leite, tão bem urdido, tão bem articulado pelo Campos Sales, e que poderia demorar, leite",

durar por toda a eternidade, se não tivesse começado a sofrer as suas fissuras, primeiro

nesse governo do Afonso Pena, que quis fazer o seu sucessor um mineiro, sendo que era já

ele mineiro. Mas o cara morreu. Daí ele mesmo assim tentou um outro sucessor, um tal David

Campista, que era o Ministro da Fazenda dele, né. Criou uma grande celeuma entre os partidos

republicanos do Brasil e o Hermes da Fonseca, que era do Partido Republicano Conservador

e era ministro da Guerra do Afonso Pena, disse "nãaao, o presidente vou ser eu, vou ser

eu, vou ser eu!", dizem que foi uma briga ali no palácio do Catete, né, e o Afonso

Pena começou a ficar meio assim, bababá, morreu o filho dele e ele poft, bateu as botas.

E o vice dele era o Nilo Peçanha. E agora que vai começar o episódio, cara, porque

se tu soubesse alguma coisa sobre história do Brasil eu nem precisaria ter falado tudo

isso, já entrava direto, porque você saberia que o Nilo Peçanha tinha sido eleito com

272.500 votos contra 618 votos do candidato da outra chapa. Isso mesmo, 272.500 votos

contra 618 votos do tal Alfredo Varella. E por quê? Porque ele tinha sido deputado constituinte

na Constituição de 1891, ele tinha sido deputado pelo Rio de Janeiro, ele tinha sido

presidente da província do do do, é, ele tinha sido presidente do Rio de Janeiro, na

época se chamava assim, presidente de estado né, e tinha sido um ótimo presidente. A

história dele é a seguinte, ele nasceu em Campos, Campos dos Goytacazes, né, na cidade

de Campos, que ainda está aqui no mesmo lugar aqui no norte do Rio de Janeiro, e ele era

filho cara, do cara chamado Sebastião da Padaria. É, o pai dele se chamava Sebastião

de Souza Peçanha e era padeiro, e se chamava, era conhecido como Sebastião da Padaria.

E a mãe dele era Joaquina Sá Freire, e ele nasceu no Morro do Coco, né, tanto é que

ele seria várias vezes chamado, principalmente pela elite canavieira de Campos de "o mulato

do morro do coco". E ele próprio disse que foi criado, cara, a base de pão dormido e

paçoca. Era uma família de classe média baixa, era uma família pobre, talvez nem

fosse classe média baixa, né cara, fosse pobre, pobre mesmo. Mas o Nilo Peçanha desde

o início cara, foi um cara determinado, foi um cara focado, foi um cara disposto a subir

na vida pelo próprio esforço, e mesmo tendo estudado em escola pública, ele conseguiu

entrar na faculdade de Direito do Largo São Francisco, em São Paulo, que formou tantos

políticos e tantas pessoas importantes na história do Brasil. Mas ele saiu dessa faculdade

e foi pra faculdade do Recife, que também foi o outro polo que formou bacharéis, que

formou advogados, que formou pessoas ligadas ao judiciário que se envolveram na política

no Brasil. E ele se formou ã ã como advogado na faculdade do Recife, veio pro Rio de Janeiro,

e se ligou evidentemente nas causas abolicionistas, era óbvio, lutou bastante pela abolição

e aí depois se vinculou ao Partido Republicano, apoiou o golpe militar republicano de 1889,

e aí foi eleito deputado constituinte em 1890, participou da Constituição, e aí

depois foi deputado pelo Rio de Janeiro, aí foi presidente do Rio de Janeiro em 1903,

dizem que fez uma administração impecável, impecável, foi um dos melhores governadores

da da da, na época chamava presidente, já falei, do Rio de Janeiro. Depois, em 1906,

se reelegeu outra vez, até que resolveu então concorrer como vice-presidente na chapa do

Afonso Pena, foi eleito com grande margem de vantagem, e aí teve que assumir a presidência,

cara. Assumiu a presidência com o país rachado, com o país problemático, e sua primeira

declaração foi "farei um governo baseado na paz e no amor". Hahaha, não é sensacional,

não é maravilhoso? Os hippies roubaram essa frase do extraordinário Nilo Peçanha! E

na verdade é o seguinte, cara, foi um certo disfarce, porque embora ele tenha sido o primeiro

presidente realmente populista, popular, popular e populista, porque ele costumava percorrer

os bares, percorrer as lojas do centro do Rio de Janeiro, falava com todo mundo, bababá,

era muito bem quisto pelo povo de várias camadas ã sociais, né, ele ao mesmo tempo

era um político ardiloso, uma raposa, porque ele sabia agir com a mão forte de um caudilho,

mas isso por debaixo das cortinas, porque ele, ele atacou fortemente os seus, os seus

adversários políticos, se livrou deles, e ele teve que comandar com mão de ferro,

embora disfarçadamente, um país bastante tumultuado. Mas eles nesses 17 meses conseguiu

de certa forma apaziguar o país. Porém, porém, né, ele rompeu com o Partido Republicano

Paulista e ele rompeu com o Partido Republicano Fluminense, né, do qual ele tinha sido fundador,

e se aliou cara, com o Partido Republicano Conservador, apoiando o Hermes da Fonseca

contra o Rui Barbosa. É, algum dia eu vou fazer aqui um episódio sobre as eleições

de 1910, que foram as eleições mais polarizadas da história do Brasil, mais polarizada que

Lula e Collor em 89, mais polarizada que o poste, a coisa e o coiso em 2018, e que botou

de um lado a pena, o Rui Barbosa, a pena de peninha, de escritor, e a espada, que era

o Hermes da Fonseca. Ganhou evidentemente a espada, com o apoio do Nilo Peçanha, com

o apoio do Nilo Peçanha. Então mesmo sendo o Nilo Peçanha o nosso primeiro presidente

quase negro, o nosso primeiro presidente mulato, o nosso primeiro presidente popular, ele também...

Só porque ele era mulato ou quase negro não significa que a gente vá, politicamente correto

dizer, "nãao, que maravilha que foi o Nilo Peçanha". O Nilo Peçanha não foi uma maravilha!

Mas teve um lado que foi um avanço com relação a vários outros presidentes, né. A questão

é que ele nunca conseguiu assumir plenamente a sua origem ãaa negra. Nunca conseguiu,

porque não havia a menor condição. Porque na própria... Porque cara, ao que tudo isso

está ligado ao casamento dele, e a própria ascensão política dele está ligada também

ao casamento, deveria talvez ter falado isso antes, porque ele casou em 1888 com a Anita,

a Ana de Castro Soares de Souza, que era neta de visconde e bisneta de barão, da alta aristocracia

de campos, só que pra casar com ele a Anita teve que fugir de casa, o pai teria morrido

de desgosto e a mãe nunca falou com ela, até a morte do Nilo Peçanha, porque disse

"vai casar com o mulato do morro do coco", e as charges, os deboches que se faziam a

ele, especialmente em campos, mas também no Rio de Janeiro antes dele se firmar como

uma força política inatacável, eram evidentemente de cunho racista, né. Mas o grande historiador

Alberto Costa e Silva, atual, tá vivo ainda, genial, talvez junto com o Evaldo Cabral de

Melo, o maior historiador brasileiro vivo, tem 90 anos de idade, ele diz que não foi

só o Nilo Peçanha que escondeu suas raízes negras! Que o Rodrigues Alves, o Campos Sales

e o Washington Luis também tinham "um pé na cozinha", pra usar a expressão que o FH,

o FHC usou, só que daí usou com grande orgulho, "ah, eu tenho um pé na cozinha", blablablá

blablablá, que aliás nunca ficou plenamente confirmado esse pé na cozinha do FH, né.

Mas com certeza ficaram confirmados os pés na cozinha de Rodrigues Alves, Washington

Luis... Mas o maior desses era evidentemente o do Nilo Peçanha, que nunca pôde fazer

nenhuma campanha pró negritude porque os tempos eram outros, né, 1910, 1911, 1912.

De qualquer forma, e pelo outro lado, ele criou o primeiro movimento personalista na

história do Brasil. É! Ele criou o Nilismo. Não é sensacional? Nilismo! Só que não

é niilismo, né, é nilismo! Eram os caras que eram seguidores do Nilo Peçanha, e seguidores

fanáticos do Nilo Peçanha. E que afrontavam os seus inimigos políticos, especialmente

os bacquistas, do tal Alfredo Bacques, que hoje ninguém mais sabe quem é, que era o

grande inimigo político do Nilo Peçanha. Durante o seu governo o Nilo Peçanha criou

o Serviço de Proteção do Índio, que deu origem a Funai, porque ele era muito amigo

do marechal Rondon, que claro que algum dia ganhará um extraordinário episódio em cinco

partes aqui no NVCE... Cinco eu não sei cara, mas o Rondon, um brasileiro incrível, no

mínimo dois episódios vai ter que ganhar, né. E além de fazer o Serviço de Proteção

ao Índio, ele também criou a primeira escola de aprendizes e de ofícios do Brasil, porque