-Olha só. Alô. -O que é isso?
Léo? Léo Putão GP?
-Isso. -Léo seja louvado. Eu consegui.
Graças a Léo.
-Quem é você? -Eu me chamo Sorayo.
Eu sou do futuro.
Vários países se juntaram pra financiar
essa minha volta no passado.
Mas eu não posso demorar. Não dá pra contar
-o babado todo, ó grande Léo. -O que é isso?
Eu vou ser tipo alguém famoso no futuro?
Famoso?
O senhor é o último ativo, amore.
É. Nós temos templos do seu nome,
com a sua vida nos vitrais.
Nós temos monumentos com o seu corpo esculpido,
feriados em sua homenagem, nós temos filmes,
novelas sobre o senhor, meu Deus.
Esse dia da semana que vocês, no passado,
-chamavam de "sabadó". -Sábado?
Sábado. Então, nós chamamos de Léo Day.
É o dia em que todas nos unimos pra louvar o seu nome,
pra ir pras praças públicas pregar a sua palavra.
Pra tentar convencer as outras passivonas
a se tornarem ativas também,
mas infelizmente não tem dado certo.
Como assim, cara. O que eu tenho de mais?
O senhor é o último ativo que existiu.
-Eu? -Sim.
Arqueólogos do futuro descobriram o seu perfil no Grindr.
Eu acho linda aquela passagem em que o senhor diz:
"Sou romântico, porém soco fundo."
E uma berinjelinha.
Eu tatuei isso. Isso é muito lindo.
Dia 25 de fevereiro é o nosso Nataléo.
É a festa mais importante, quando todas nos juntamos
pra trocar perus e comer presente.
Seguinte, Sorayo, eu acho que você vai ficar chateado
com o que eu vou falar aqui, mas eu não sou o único ativo.
Inclusive, tenho amigo que são. Vários.
Será? Será, mesmo? Será que eles não são versáteis?
Sei lá, daí já não sei, né?
É porque mais ou menos, dessa sua época,
ó grande Léo, começou uma moda de ser versátil.
Aquelas bichas que dão, que comem,
que elas fazem tudo.
Isso acabou virando uma grande onda
que nós do futuro chamamos de "A Grande Peste"
que acabou com todos os ativos só ativos,
ativos raízes mesmo, sabe?
E aí, no futuro, estamos todas
quebrando louça e esfregando bunda.
Veja bem, não tem problema nenhum em ser passiva, sabe?
É porque isso acabou criando um desequilíbrio
ali na fauna e na flora dos viados.
Caralho, cara. Então, no futuro, todo mundo é gay?
Quase todo mundo, graças à Globo. Plim, plim.
Mas nós temos ainda alguns héteros também
que nós criamos numa espécie de Matrix conservadora.
Pra criar gado, pra procriação.
Esse lugar, chamamos de Paraná.
Cara, você veio aqui só pra me falar isso?
Não. na verdade, eu voltei
pra pegar um pouco do seu DNA.
Nós vamos fazer uma vacina pró-ativo.
Sangue de Léo tem poder.
Sai fora, cara. Não vai colher nada de mim, não.
Daí eu não vou poder ser passivo se eu quiser?
O senhor tentaria dar o...
Se na hora estiver a fim, fizer com jeitinho.
Alô, base. Chegamos tarde demais. Acho que a peste foi mais rápida.
Ou então ele não está entendendo a nossa linguagem.
Eu vou usar um dialeto do passado.
Rapaz,
quer ganhar um tênis?
Irmãs, a palavra de Léo diz, no livro de Grindr,
capítulo 1, do versículo 12:
"Aqui não tem frescura. Boa companhia
para uma sacanagem entre machos sem capa.
Bundinha lisa, fura-fila.
Tenho local, sou pentelhudo da rola grossa e veiúda
cheia de leite pra você,
mas só curto cu limpinho, pois higiene é fundamental."
Alechuca, irmãs?
Alechuca.
