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Os Escravos, por Antonio Frederico de Castro Alves, 29º Poema: Prometeu, de Os Escravos, de Castro Alves

29º Poema: Prometeu, de Os Escravos, de Castro Alves

Prometeu

Ó mon auguste mère, et vous enveloppe de la commune lumière, divin éther,

voyez quels injustes tourments on me fait souffrir.

Qui compatit à cette grande souffrance, qui s'approche du rocher désert où se tord Prométhée? Quelques pauvres filles, pieds nus.

ÉSQUILO

Inda arrogante e forte, o olhar no sol cravado,

Sublime no sofrer, vencido — não domado,

Na última agonia arqueja Prometeu.

O Cáucaso é seu cepo; é seu sudário o céu,

Como um braço de algoz, que em sangueira se nutre,

Revolve-lhe as entranhas o pescoço do abutre.

Pra as iras lhe sustar... corta o raio a amplidão

E em correntes de luz prende, amarra o Titão.

Agonia sublime! ... E ninguém nesta hora

Consola aquela dor, naquela angústia chora.

Ai! por cúm'lo de horror!... O Oriente golfa a luz,

No Olímpo brinca o amor por entre os seios nus.

De tirso em punho o bando das lúbricas bacantes,

Correm montanha e val em danças delirantes.

E ao gigante caído... a terra e o céu (rivais!...)

Prantos lascivos dão... suor de bacanais.

Mas não! Quando arquejante em hórrido granito

Se estorce Prometeu, gigantesco precito,

Vós, Nereidas gentis, meigas filhas do mar!

O oceano lhe trazeis... pra em prantos derramar...

Povo! povo infeliz! Povo, mártir eterno,

Tu és do cativeiro o Prometeu moderno...

Enlaça-te no poste a cadeia das Leis,

O pescoço do abutre é o cetro dos maus reis.

Para tais dimensões, pra músculos tão grandes,

Era pequeno o Cáucaso... amarram-te nos Andes.

E enquanto, tu, Titão, sangrento arcas aí,

O século da luz olha... caminha... ri...

Mas não! mártir divino, Encélado tombado!

Junto ao Calvário teu, por todos desprezado,

A musa do poeta irá — filha do mar —

O oceano de sua alma ... em cantos derramar ...

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29º Poema: Prometeu, de Os Escravos, de Castro Alves 29th Poem: Prometheus, from Castro Alves' The Slaves 29º Poema: Prometeo, de Los esclavos de Castro Alves

Prometeu

Ó mon auguste mère, et vous enveloppe de la commune lumière, divin éther,

voyez quels injustes tourments on me fait souffrir.

Qui compatit à cette grande souffrance, qui s'approche du rocher désert où se tord Prométhée? Quelques pauvres filles, pieds nus.

ÉSQUILO

Inda arrogante e forte, o olhar no sol cravado,

Sublime no sofrer, vencido — não domado,

Na última agonia arqueja Prometeu.

O Cáucaso é seu cepo; é seu sudário o céu,

Como um braço de algoz, que em sangueira se nutre,

Revolve-lhe as entranhas o pescoço do abutre.

Pra as iras lhe sustar... corta o raio a amplidão

E em correntes de luz prende, amarra o Titão.

Agonia sublime! ... E ninguém nesta hora

Consola aquela dor, naquela angústia chora.

Ai! por cúm'lo de horror!... O Oriente golfa a luz,

No Olímpo brinca o amor por entre os seios nus.

De tirso em punho o bando das lúbricas bacantes,

Correm montanha e val em danças delirantes.

E ao gigante caído... a terra e o céu (rivais!...)

Prantos lascivos dão... suor de bacanais.

Mas não! Quando arquejante em hórrido granito

Se estorce Prometeu, gigantesco precito,

Vós, Nereidas gentis, meigas filhas do mar!

O oceano lhe trazeis... pra em prantos derramar...

Povo! povo infeliz! Povo, mártir eterno,

Tu és do cativeiro o Prometeu moderno...

Enlaça-te no poste a cadeia das Leis,

O pescoço do abutre é o cetro dos maus reis.

Para tais dimensões, pra músculos tão grandes,

Era pequeno o Cáucaso... amarram-te nos Andes.

E enquanto, tu, Titão, sangrento arcas aí,

O século da luz olha... caminha... ri...

Mas não! mártir divino, Encélado tombado!

Junto ao Calvário teu, por todos desprezado,

A musa do poeta irá — filha do mar —

O oceano de sua alma ... em cantos derramar ...