PERRENGUES DE FÉRIAS | PARAFERNALHA
- Chegamos! - Ah, moleque!
Não falei que minha tia ia liberar a casa?
Ai, você não deixa nem eu passar...
Caraca, você trouxe a gente pra um cativeiro?
Aí, eu preciso ir ao banheiro, mano.
Qual é, Lucas... Tem uma situação aqui, mano. A parada não tá descendo, não, mané.
Dá uma olhada aí...
Falei pra você não comer o risole da rodoviária, cara.
- Foi mal. - Vai entupir, é óbvio.
- O rango tá quase pronto, hein? - Qual é, qual é?
Minha especialidade.
Miojão.
Aí tá estranhão com essa barba
Ih... estranhão... Rala daqui, pô.
Aí moleque, tem uma toalha aí pra me emprestar?
- Esqueci a minha. - Toma aqui, pô.
Valeu.
E shampoo, mano, você tem? Tô olhando aqui, não tem também, não.
Tu tem cachinho, tá ligado, igual a mim.
Valeu.
E hidratante, mano? Tem hidratante? Meu cotovelo tá meio russo.
Negativo. Respeita a fila, de menor.
Aí, Yuri, Dezinho e tu fica aqui no meu lugar na fila, já é?
- Dez? - Dezão.
- Carão. - Carão? Ó o papo dele.
Cinco conto então porque tu é meu fechamento. Vai?
Cinco, fechou.
- É pegar ou largar. - Show.
Valeu, moleque. É nós. Sorte que eu já tomei banho.
Ô, Lucas, acho que o chuveiro queimou!
Na moral...
Deixa comigo!
- Aí, cambada! A janta tá pronta! - Opa, qual é a de hoje?
- Miojão. - De novo?
É, mas esse aqui é o cremoso. Iguaria.
Uhm, que legal...
- Vem cá, esse wi-fi aqui é uma bosta, hein? - Não tem wi-fi, não.
- E o 4G? Não funciona o 4G, não? - Pô, o 4G é ruim por causa do amianto da telha.
Netflix não vai ter, não?
- Tem VHS. - Tá de sacanagem.
- Qual foi, Lucas? - O que tem de legal no VHS? Conta pra mim
"O Pestinha" e o casamento da minha tia.
- Nossa, que legal. - Peraí, é o um ou é o dois?
- "O Pestinha 2". - Não, o casamento da sua tia.
Cala a boca, independente de qual seja, você trouxe a gente pro inferno.
- É o dois. - Tem o divórcio da sua tia?
De repente é ser mais legal, mesmo.
Eu não acredito que eu tô vendo isso.
- É maneiro, Paty. - Cala a boca, Renatinho.
Que isso? Ei!
Casa antiga faz barulho, mesmo.
- Mano, tem alguma coisa errada. - Uhum.
- É o gato miando. - Gato?
- Ai, porra, essa casa é mal-assombrada? - Esquisito mesmo, né?
Ahhh!!!
Calma aí, calma aí, é o caseiro.
- Pessoal, eu vou dormir. - Tá bom. A sua tia é uma fofa, sabia?
Mas o primeiro é melhor.
- Boa noite. - Boa noite.
Cara, eu não acredito que você tá chorando.
- Você que é insensível. - Você é patético.
Olha lá, Yuri, ela vai falar "sim".
- Caralho, vocês viram o cabelo do inspetor? - Ele tá careca!
Pô, gente...
- Ô, gente... Oi! - Que é?
Pô, vocês estão falando alto para caramba, cara, tô tentando dormir. Tá tarde já.
Ai, desculpa, princesa. É o soninho da beleza...
A casa é da minha tia, hein, olha o respeito.
- Tá roubando! - Você só rouba!
Ô!!!
Paramos já. Já paramos, tá? Acabou, foi mal.
Bate nele, bate, bate de sacanagem, vai!
Qual é, Yuri, fica na moral, Yuri.
Gente vocês estão de sacanagem, né?
Eu só quero dormir, cara.
- Caraca, é uma cama só. - Aí, eu durmo pelado, hein.
Que dorme pelado, o quê? Atrás de mim não.
- Pode sair, sai. - Chega pra lá, chega pra lá.
Sai que eu tô com sono!
Seu pé tá gelado.
- Bom dia, gente. - Bom dia.
- E aí o que tem pra o café? - Miojão.
- De novo? - É, tem de galinha caipira e tomate, vai querer o quê?
Galinha caipira.
Me vê um de tomate aí, por favor.