- Dá licença, teacher! - Fala, Renatinho.
Então, professora não sei se você percebeu, mas não deu para fazer a prova de ontem, não.
Nem que eu não quisesse perceber, eu perceberia que o único aluno que tem quase a minha idade...
não veio fazer a prova mais importante do ano, né, Renatinho?
- A senhora é de que ano? - 86, você também, né?
Eu... eu... não deu para fazer a prova, não.
- Ah, não deu? Que pena. - Comi um negócio ontem, professora...
me fez malzão, sem caô. Sabe maracujá?
- A fruta? - A fruta, pô.
Vai ser o quê? A fruta, professora, é...
comi uma ontem que não sabia se tava boa ou se tava estragada...
- Você não sabia? - Não sabia. Tipo assim...
Eu não sei quando é que tá boa e quando é que tá estragada, a senhora sabe?
- O maracujá? - É.
- Não, não sei. - Então, acabou que eu comi ontem...
Aqui, acordei hoje, olha aqui, professora. Alergia.
- Que negócio é horroroso isso, gente. - O corpo ou a alergia?
Os dois... O que que você quer, Renato da Silva, por favor?
- Então... tá bolada? - Por quê?
Porque a senhora falou Renato da Silva, pô...
a única pessoa chamava assim era minha falecida mãe...
- Fala, encosto. - Não fala encosto, que eu tô na igreja.
Fala logo, Renatinho!
Professora, na humildade, máximo de respeito... tem como eu fazer a segunda chamada?
Você tem atestado? Abaixa isso, pelo amor de Deus, que ninguém precisa ver isso.
- Pode fazer, eu vou deixar, tá? - Vou fazer agora?
- Com licença. Perdão. As provas. - Obrigada.
Ih, tu veio hoje, moleque, que doideira, hein?
Que doideira o show ontem. Quem diria. Show do Ferrugem ter roda punk.
Eu tô todo arranhado, acredita? Aqui na barriga.
Vou lá.
Vem cá, tocou "minha namorada"?
Tocou? Você se divertiu?
Vaza.
- Não tem nem como... - Vaza.
- E... - Vaza!