Resenha Crítica
[vinheta ♫♫♫]
Olá pessoal! O objetivo da nossa aula de hoje é apresentar a resenha acadêmica, como um gênero
importante para a produção de textos acadêmicos. Inicialmente, nós vimos o resumo acadêmico que tinha
como objetivo informar alguns detalhes do artigo, as suas partes principais. A resenha, ela tem um
outro propósito e muitas vezes, as pessoas confundem o resumo e a resenha. No entanto, a resenha,
ela tem um propósito mais amplo, mais objetivo, que é, além de informar alguns detalhes
do artigo acadêmico, também tem o objetivo de avaliar, trazer algum tipo de juízo do escritor sobre o artigo.
Então, o que é uma resenha? Já que nós já diferenciamos do resumo, a partir desse aspecto da avaliação.
A resenha, ela é uma síntese crítica de uma obra e ela então traz esse juízo de valor, além, então,
desse conteúdo que já estava expresso no resumo, ela tem alguma crítica que se diferencia
da opinião. Criticar é diferente de opinar, nós vamos ver isso com maior detalhe, e também na
formulação de um conceito. O que eu quero dizer com a formulação de um conceito? É, ao final da resenha,
o resenhista, o aluno, ele deve informar se a leitura daquele artigo, ela é recomendada
ou não. Se aquele artigo é bom, se é ruim, quais os seus defeitos. Quase como uma avaliação.
Então, a resenha, ela tem 3 aspectos principais: um resumo, uma avaliação crítica e uma formulação
de conceito ou recomendação. A finalidade da resenha, além de informar e fazer uma crítica,
ela deve ter uma linguagem muito especial e bastante diferente do resumo.
A resenha, ela tem uma linguagem mais cortês, mais suave, mais polida porque ao fazer a crítica a um autor,
um aspecto da pesquisa do autor, o aluno deve utilizar uma linguagem mais educada, ele não pode,
simplesmente, fazer essa crítica de uma maneira muito taxativa ou muito dura.
A ideia da linguagem cortês é utilizar, então, uma linguagem mais sutil, procurando evitar ofender o autor
do texto ou alguma bibliografia que está contida nele ou as suas escolhas, enfim.
Um exemplo bem simples do que seria linguagem cortês, quando a gente vai na casa de alguém, a pessoa oferece uma sobremesa que
nós não gostamos. Nós não vamos dizer: essa sobremesa tem um gosto ruim ou está mal feita!
Nós dizemos: ela está um pouco doce demais! Nós utilizamos alguns modalizadores, algumas formas de
linguagem para tornar a crítica um pouco mais sutil. Qual é então o objetivo de estudantes, de escrever
uma resenha? Tem essa formação da competência da leitura, uma leitura atenta. Também tem a questão da
interpretação da leitura da obra e, principalmente, a formação crítica, porque você, depois, quando vão
fazer o TCC, trabalho de conclusão de curso, vocês estão também são exigidos a que se posicionem de
forma crítica no texto de vocês. Então a resenha, ela é uma espécie de preparação para qualquer
outro trabalho acadêmico de maior fôlego, seja o trabalho de conclusão de curso, seja a própria
escrita do artigo acadêmico. A crítica é fundamental para essa escrita, então.
Existem então, vários tipos de resenha, algumas de vocês já devem ter escutado que a resenha de filmes
de livros e que vocês encontram em jornais, como Zero Hora, Folha de São Paulo e, normalmente, a
gente lê antes de ver o filme. Então são resenhas de produtos culturais e que de uma certa forma,
fazem um tipo de propaganda do texto, daquele produto cultural. Além disso, um tipo de resenha
que é menos lido, mas não menos importante na academia, é bem importante, são as resenhas de
livros ou artigos técnicos. A tarefa que vocês farão como atividade avaliativa para essa disciplina
é a resenha do artigo científico. Geralmente, então, o artigo científico, como nós já estudamos,
ele é escrito por especialistas e ele escreve, então, para revelar ao público acadêmico
a sua pesquisa de uma maneira minuciosa e detalhista. Onde ela é veiculada? Nos periódicos.
Como nós já vimos, vocês farão essa pesquisa do artigo científico em 2 grandes portais, que são
o portal de periódicos da Capes e também o Scielo.
Como é então organizada a estrutura da resenha? Quais são as suas partes constitutivas? A resenha, então,
ela tem um título, que não necessariamente, é igual ao título do artigo.
A transcrição da ficha bibliográfica, logo abaixo do título. A apresentação da obra, que seria um parágrafo mais geral
de introdução ao tema do artigo, trazendo uma pequena contextualização. As credenciais do autor, que vocês vão buscar lá no Currículo Lattes.
Um pequeno, um breve apanhado profissional e também de formação do autor ou dos autores.
Se o artigo tiver mais de um autor, vocês devem também apresentar todos os autores do artigo na resenha.
Por fim, a descrição da obra, que diferentemente do resumo, é um pouco maior e você seleciona algumas seções do artigo.
Por fim, também temos a avaliação da obra, que seria esse aspecto crítico, trazendo alguns
adjetivos positivos e negativos sobre a obra, e também a recomendação, que é essa formulação
de conceito ao final. O título, como nós já dissemos, só para reforçar. Em geral, o título do artigo,
ele é longo, tem 2 ou 3 linhas, como nós já vimos. O título da resenha, ele pode ser uma espécie de um
resumo, ou então, ele resume, ou então ele é igual ao título do artigo. A transcrição da ficha bibliográfica,
ela é uma norma da ABNT. A ABNT, então, é a Associação Brasileira de Normas Técnicas e é bem
importante que vocês tenham esse modelo, esse padrão na mente, porque uma vez que vocês
aprendem esse padrão, vocês sempre poderão fazer esse modelo na construção das referências bibliográficas.
Então a transcrição da ficha bibliográfica não deixa de ser uma referência, a referência do artigo lido.
Cuidado! Não é a lista de referências que o autor traz, a ficha é a referência do artigo que vocês estão lendo
e vocês devem construir. Vocês colocam o sobrenome do autor em caixa alta,
o nome do autor, por exemplo: SILVA, Silvana. Em seguida, o título do artigo: A centralidade da cultura.
Em seguida, o nome da revista ou periódico em itálico, Educação e Realidade,
o nome da cidade, o volume, o número do volume, o número, a página inicial do artigo,
a página final do artigo e o mês de publicação. Ano. Isso é bem importante que
vocês aprendam a fazer essa ficha bibliográfica, com esses elementos principais. Então, isso vai logo
abaixo do título. Em seguida, na apresentação do título, é importante que essa introdução tenha
4 elementos principais, organizados. Não necessariamente, precisa ser 4 frases, mas podem
ser 2, 3 frases que contenham esses 4 elementos. Então, inicialmente, a gente informa o
tópico geral do artigo, depois nós definimos o público-alvo, quem vai ser o leitor desse artigo.
Esse seria um passo 2. O passo 3 seria fazer generalizações sobre o artigo, o seu contexto,
por que ele foi escrito, qual é a linha de pesquisa dos autores. O passo 4 seria inserir o artigo na disciplina
como esse artigo dialoga com a disciplina. Qual a sua contribuição para as discussões da disciplina?
Sua importância? Então, esse seria o primeiro parágrafo da resenha.
O segundo parágrafo da resenha, não esquecendo que entre um parágrafo e outro é necessário
colocar marcas de coesão, fazer a ligação entre os parágrafos, nós apresentamos as credenciais
do autor ou autores. Inicialmente, nós apresentamos dados biográficos acadêmicos dos autores.
Qual a universidade se formou. Qual fez mestrado. Qual fez doutorado. Alguns dados profissionais também.
Seguida é o passo 2. Quer dizer: onde este pesquisador trabalha. Qual é o nome da universidade que ele trabalha atualmente.
Às vezes, se o pesquisador tem uma longa carreira e trabalhou em várias universidades. Então vocês coloquem
só aquela universidade mais atual e que está ligada à produção do presente artigo científico.
O terceiro passo é situar o artigo na linha de produção do autor. Dentre os temas
de pesquisa preferidos do autor, este artigo se insere em qual linha de produção?
Relembrando que vocês buscam as credenciais do autor em um site chamado Currículo Lattes.
Certo? Onde estão publicados todos os currículos de todos os professores universitários do Brasil.
Além disso, na própria nota de rodapé, da primeira página do artigo, vocês encontram algumas informações.
Mas no Currículo Lattes, isso está de uma forma muito mais completa. Então, os próximos parágrafos,
constituem então a descrição do artigo, uma espécie de um resumo do artigo, e aqui vocês terão 3 ou 4
parágrafos, para a produção dessa descrição do artigo. Então vocês vão dar uma visão geral, inicial da
organização do artigo, em quantas seções ele é dividido. Lembrando: o artigo, ele é dividido em seções.
O livro, ele é dividido em capítulos. Então, vocês devem organizar a resenha, as partes do artigo,
em seções. Primeira seção, segunda seção. Então, a gente dá uma visão geral, inicialmente da organização
do artigo. Depois, a gente explica um pouco o tópico das principais seções.
Por exemplo: se o artigo é dividido em 8 etapas, não tem necessidade da resenha vocês explicarem.
Na primeira seção, na segunda, na terceira, até por que a escrita se torna muito monótona.
Vocês podem condensar: na primeira e na segunda seção, na quarta e na quinta seção, na última seção.
Porque não tem a necessidade de vocês contarem todo o artigo. É a mesma coisa uma resenha do filme.
Se numa resenha do filme o resenhista conta todo o filme, a gente não vai nem no cinema, a gente não paga o ingresso!
Não tem a necessidade de vocês contarem todo o artigo. Algumas pinceladas, porque a resenha
também ela tem essa ideia da propaganda. Por fim, ao final da resenha vem a parte mais importante,
a parte que eu vou cobrar mais de vocês, que eu vou avaliar com mais cuidado, porque é a parte que vocês
estão aprendendo, é a parte da avaliação do artigo. Então, vocês têm 3 grandes coisas
que vocês devem fazer. A primeira é realçar os pontos positivos do artigo com adjetivos.
O artigo é consistente, o artigo é bem escrito, o artigo tem uma metodologia bem fundamentada.
Em seguida, apresentar de forma mitigada ou atenuada algum ponto negativo do artigo,
algum aspecto que vocês não gostaram. Lembrando que vocês consideram muito bem feito.
E por fim, uma síntese ou um balanço dos pontos positivos e negativos do artigo, considerando se ele é mais
positivo ou negativo, é uma espécie de um balanço. Ao final, então, esse seria o último parágrafo.
Nós temos a recomendação do artigo, vocês vão recomendar o artigo para um público específico.
Quem será o leitor e vocês podem usar algumas frases do tipo: recomendo fortemente,
recomendo plenamente, recomendo com ressalva se você não gostaram tanto assim do artigo.
Recomendo, ou recomendo esse artigo apenas para um público mais especializado, ou recomendo esse artigo apenas para
um público mais amplo. Então, tem uma série de maneiras de recomendar o artigo.
Um exemplo da apresentação da obra. Então, agora eu vou dar pra vocês alguns exemplos, só pra que vocês tenham um pouco
desse feeling textual, que a gente consiga então, acompanhar um pouco como é que a escrita de uma resenha.
Então, aqui a gente tem um exemplo de apresentação da obra. Vejam que ela começa com perguntas
e depois a gente tem uma apresentação. Essa é uma boa maneira de vocês começarem
a resenha, com perguntas. Vou ler brevemente: quais sãos as concepções de alfabetização e de letramento?
Que perspectivas, dimensões e relações envolvem alfabetização e o letramento?
Quais as práticas que norteiam tais processos? Em Alfabetização e Letramento Magda convida-nos para tais discussões,
oferecendo uma releitura de artigos publicados ao longo de um período de 13 anos sobre alfabetização e letramento.
Vejam, que essa introdução da resenha, ela faz uma série de perguntas para chamar a atenção
do leitor para o texto, e depois entra propriamente na apresentação do tema.
As credenciais do autor. Aqui, nós temos um exemplo: o autor Marcos Augusto de Castro Perez, tem bacharelado e licenciatura
em Ciências Sociais pela Universidade Estadual de Campinas. É mestre em Sociologia pela Unicamp,
doutor em educação pela USP, com estágio na Universidade de Montreal, no Canadá.
Atualmente é professor adjunto do Departamento de Filosofia e Ciências Humanas da UESC, Santa Catarina,
nas áreas de Sociologia, Antropologia, Ciência Política e Sociologia da Educação, tendo vários artigos publicados
no padrão A e B, bem como capítulos de livros. Então, veja aqui, nós temos uma apresentação bem formal
das credenciais do autor, com todos os elementos que nós falamos.
A descrição da obra, a descrição do livro do artigo, como eu já enfatizei e agora vou enfatizar novamente, então.
A gente transcreve os tipos principais das seções, mas não há necessidade da gente descrever com muitos
detalhes todas as seções, porque fica muito monótono dizer: na seção 1, na seção 2.
O importante é a gente demonstrar uma clareza do que a gente está escrevendo, sem entrar em muitos
detalhes, especialmente na parte da metodologia. A metodologia, ela pode ser apenas citada.
A avaliação da obra, então, tem algumas perguntas que eu destaquei, que vão ajudar vocês a formular
essa crítica. Essas perguntas vocês devem ler com calma, procurar ver, realmente, se elas são atendidas.
A primeira seria: qual a hipótese básica do autor e as ideias que a fundamentam?
Essa hipótese básica, ela tem coerência? Ela é apresentada do início ao fim do artigo ou ela é incoerente?
Qual o objetivo para essa hipótese? Esse objetivo é cumprido? A organização da obra é clara, lógica e consistente?
Como se situa o autor em relação às correntes científicas, sociais e históricas do seu tempo?
Ele está dentro desta perspectiva? Ele tem uma sincronia ou ele está anacrônico? Ele está fora, ele está um pouco defasado em
relação às suas pesquisas? Qual o maior mérito da obra? Somar contribuição?
Como qualificar o seu estilo? Simples, conciso, objetivo, estilo da sua escrita.
Sua terminologia e conceituação são precisas? Como ele utilizou a bibliografia?
O que pode acontecer em relação à bibliografia: que ele pode citar alguns autores, especialmente em língua estrangeira, que não são citados no texto.
Isso também não é bom. Toda a bibliografia, todos os autores citados devem, de alguma maneira, pertencer à reflexão do autor.
As conclusões são convincentes? Por quê? Então essas são algumas perguntas que vão ajudar vocês a pensar, formular,
essa avaliação da obra. Aqui, nós temos então, um exemplo do que eu chamei de balanço entre
a avaliação negativa e positiva, e aquilo que eu também chamei de linguagem cortês,
ou linguagem educada, que a gente tem que fazer uma crítica de maneira mais sutil.
Segundo, o livro logra sintetizar equilibrada e objetivamente os desafios, condições e possibilidades que a nação Argentina teve que
superar durante o século XX. E, terceiro, o leitor brasileiro certamente dispõe agora de um trabalho
particularmente valioso.. uma pequena limitação relaciona-se com as citações e referências à
biografia, por vezes confusas. Porém, ao final, o balanço é muito positivo.
Veja, nesse parágrafo que eu li de uma resenha da área de História, o autor, ele faz uma pequena crítica, mas no final ele retoma
todo o parágrafo anterior, dizendo que essa crítica existe, mas que ela não atrapalha muito a leitura do texto
Então, é o que eu estou chamando de balanço entre a avaliação negativa e positiva do artigo.
A recomendação da obra, então, a gente trás o público-alvo. Quem é o leitor desse texto.
No caso aqui, nós temos está indicando um artigo para os educadores, para os professores de língua.
Como a resenha...pra finalizar o nosso vídeo, como a resenha, ela tem esse aspecto crítico, uma coisa muito importante é que
vocês escolham um artigo que vocês dominem o assunto. Então, antes de sair escrevendo o
texto, é muito importante que vocês leiam de 3 a 5 artigos científicos do mesmo tema e do seu interesse de leitura.
E também façam uma leitura comparativa. Desses 5 artigos, qual é o artigo que é melhor escrito?
Qual que não é? Por quê? Qual que vocês gostaram mais? E aí vocês vão observando e criando alguns
critérios, do que é um bom artigo naquele assunto X. Então, essa parte prévia, escrita, ela é muito
importante, essa leitura comparativa como eu chamei. Então, a sugestão principal é o portal de periódicos Capes.
www.capes.gov.br. Em que vocês encontraram então, um portal com muitos artigos e é o maior portal
do Brasil. Requisitos para um bom resenhista, então: conhecimento da obra, como eu já falei,
conhecer, ler mais de um artigo sobre o assunto. Competência na matéria. Capacidade de juízo,
de valor. Fidelidade ao pensamento do autor. Tanto quanto o resumo, a gente não pode fugir
muito das ideias do autor. Então, muito obrigada pela atenção, espero que vocês façam um bom texto.
[vinheta ♫♫♫]