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Buenas Ideias, CARVALHINHO, O PRIMEIRO BRASILEIRO - EDUARDO BUENO (1)

CARVALHINHO, O PRIMEIRO BRASILEIRO - EDUARDO BUENO (1)

"E o Carvalinho, hein" "Que Carvalinho?"

"O Carvalinho, cara, vai me dizer que tu não sabe quem é o Carvalinho!?"

"Não sei quem é Carvalinho nenhum".

Eu tô há dois anos fazendo esse programa e tu ainda não sabe quem é o Carvalinho?

"Não, não sei quem é o Carvalinho!".

Pelo amor de Deus, é a última vez que eu te explico quem é o Carvalinho.

Cara, é porque tu ainda não leu o livro "Náufragos, Traficantes e Degredados"...

porra, desmarquei.

Ehehe desmarquei mesmo.

Cara, o Carvalinho é um personagem fundamental desse livro, se tu não leu o problema é

teu.

Tá, tá bom, mas qual é a do Carvalinho?

Carvalinho é o primeiro brasileiro, o primeiro brasileiro!

Vem aqui conhecer a história dele tu vai gostar demais, é inacreditável!

Puta, esqueci de pensar a rima.

Essa parte pode entrar junto.

Mmmm.

"Machadinho, machadinho, por favor não corte o carvalinho" "Machadinho, machadinho, por

favor não cortem o carvalinho" sabem que um cara um dia desses teve o desplante, o

desplante de dizer que as rimas estão cada vez piores nessa abertura.

São rimas geniais, cara, são rimas fantásticas, e mesmo tendo sido a minha filha quem deu

essa, ela é perfeita, isso que ela nem sabe também a história do Carvalinho, que nem

tu não sabe, e tem tudo a ver com machadinho, cara, machadinho.

Bom, essa história começa cara, ã em fevereiro de 1511 quando uma nau chamada Bretoa...

Por que chamava Bretoa?

Porque tinha sido feita na Bretanha, na Bretanha, que é ali lá em cima na França, junto com

a Normandia e tal, um lugar onde faziam muitas naus e barcos e caravelas, embora as fizessem

também em Portugal.

A questão é que a nau Bretoa pertencia a um consórcio, um consórcio que havia arrendado

a terra do Brasil.

E por que que chamava terra do Brasil?

Porque tinha pau brasil, embora a palavra Brasil não seja só diretamente ligada a

Brasil, tal, blablá, isso é outro assunto.

O fato é que essa nau chamada Bretoa veio para o Brasil para recolher pau brasil de

acordo com o trato, de acordo com o tratado, de acordo com ã, conforme o acordo que havia

sido assinado entre o Fernando, o Fernão de Noronha, o primeiro donatário do Brasil

que a gente chama de Fernando de Noronha, mas o nome original era Fernão de Loronha,

era o nome autêntico, verdadeiro dele, que era um judeu converso, que era representante

em Portugal dos interesses da família Figa, que era uma das famílias mais ricas da Europa,

os monopolistas da prata do Tirol, na Alemanha, riquíssimos, que tinham uma rede de casas

bancárias cuja sede, embora eles fossem alemães, ficava em Londres e esse Fernão de Loronha

era o representante deles em Lisboa, conhecia o rei Dom Manoel, papapá, e arrendou o Brasil

em 1502 até... era um contrato de três anos que ia sendo renovado, né, e ele, só ele,

poderia explorar o pau brasil.

O contrato dele foi renovado três vezes, acabou mais ou menos em 1511 e ele se associou...

tá, não interessa!

Já tá ficando longa demais essa história!

Vai ler, vai ler, essa história tá toda aqui.

O fato é que a nau Bretoa, que pertencia a uma série de armadores, né, que investiam

no trato e no tráfico de pau brasil partiu em fevereiro, dia 6 de fevereiro de 1511 de

Lisboa para o Brasil.

Quando eles partiram, só o capitão sabia pra onde eles tavam indo.

Ele, já em alto mar no dia 12 de março de 1511 foi que ele leu o "regulamento da nau

Bretoa"... o regimento, perdão, o regimento da nau Bretoa.

E esse regimento da nau Bretoa cara, é um documento precioso, um documento incrível

que sobreviveu ao tempo e são seis páginas dizendo o que a nau Bretoa vinha fazer no

Brasil e de que forma as pessoas que estavam dentro daquele navio deveriam se comportar.

Cara, é um documento árido, é um documento chato de ler, por isso que você precisa de

pessoas que nem eu, porque eu li e interpretei pra você o regimento da nau Bretoa, que tu

não ia ter o menor saco de ler... e em troca disso eu espero que pelo menos tu compre esse

livro ou dê dinheiro pro meu canal porque eu tô aqui fazendo essas porra de graça

pra ti e tô começando a encher meu saco e é verdade, depois a gente vai tratar sobre

esse assunto, do meu desconforto de tu não dar dinheiro.

O fato é que eles partem pro Brasil, né, com esse regimento, e é o seguinte: ali no

regimento dizia "estamos indo para o Brasil", só nesse momento que a tripulação ficou

sabendo que tava vindo pro Brasil, eles não sabiam pronde eles tavam indo...

Podia ser pra África, podia ser pra Índia, podia ser...

Não Japão eles não chegaram.

Podia ser pra África ou pra Índia, ou podia ser pro Brasil.

Era pro Brasil.

Estamos indo para o Brasil para recolher toras de pau brasil, essas toras tem que ser recolhidas

no tempo mais rápido possível, elas devem ser acumuladas dentro do navio de forma mais...

que caiba mais toras possível, nenhum espaço deverá ficar vazio e os marujos e demais

integrantes da expedição não podem ããã, como é, aquela palavra, é, dizer palavrão,

tem um nome pra isso... não podem praguejar!

Não podem praguejar, não podem falar mal do nosso senhor Jesus Cristo, não pode cuspir

no chão... porra, não pode cuspir no chão!?

Quando chegar no Brasil só pode ir do barco até a feitoria e da feitoria até o barco...

a feitoria era o estabelecimento, o entreposto comercial onde as toras de pau brasil já

estavam armazenadas pelos indígenas que eles levavam prali...

Não pode falar com os indígenas, não pode comer nenhuma mulher indígena, não pode

isso, não pode aquilo, não pode aquele outro e não pode fugir pra terra, tem que dormir

dentro do navio, blablabláblablá, eram quarteis flutuantes, quarteis flutuantes cara, onde

os caras eram submetidos a uma rígida disciplina, rígida disciplina, e não podiam nada nada

nada, sendo primeiro punidos com penas pecuniárias, eram descontados do seu salário, depois com

chibatadas e depois com desterro, né, com degredo no próprio Brasil.

Bom, o regulamento quando você lê já fica na cara o que os caras, tudo que eles faziam...

eles praguejavam, eles cuspiam, eles transavam com as nativas, eles fugiam do barco... porque

né, se tá escrito "não pode" é justamente aquilo que as pessoas faziam ou tentavam fazer.

Tá, o que interessa é que em abril eles chegam na primeira feitoria que tinha sido

criada, não a primeira, mas...

Existiam só quatro feitorias no Brasil em 1511: uma em Pernambuco, onde ficava o melhor

pau brasil, com mais alta qualidade, né, o corante do pau brasil vindo de Pernambuco

era o melhor de todos, tanto é que chamava "bois de Pernambuque", em francês, "madeira

de Pernambuco", era assim que o pau brasil chamava, era chamado pelos franceses, que

aliás foi quem realmente lucraram com o pau brasil... depois tinha uma na Bahia de Todos

os Santos e aí tinha uma provavelmente em Cabo Frio, que algum dia falarei, uma história

muito incrível, fundada pelo Américo Vespúcio, em 1502, e outra, possivelmente, não se sabe,

essa é misteriosa... essa história que chegaremos... no Rio de Janeiro, na baia de Guanabara, que

talvez fosse a tal "Carioca", que deu origem ao nome, ao topônimo "carioca".

Bom, eles chegam em abril na feitoria de, da Bahia de Todos os Santos, muito próximo

de onde hoje é Salvador.

E iniciam os tratos com os indígenas, as relações com os indígenas... porque cê

sabe, eles davam basicamente machados, facas, miçangas e espelhos pros indígenas.

Passou pra história como "índio quer apito, índio quer miçanga, índio quer guloseima"...

Não cara, é o seguinte: vou ter que abrir mais um parêntesis aqui, vou demorar uma

hora falando nesse episódio, não interessa, se tu quiser tu fica aí, se não quiser vai

pra outro canal, tu não vai encontrar nada nem próximo disso em nenhum outro canal.

Quando os portugueses chegaram no Brasil em 1500 ou talvez provavelmente antes disso...

quando os europeus chegam no Novo Mundo, eles encontram com povos indígenas que viviam

na Idade da Pedra.

Ou seja, eles só tinham pedra, eles não tinham metal...

E os portugueses e europeus em geral já chegam depois de terem passado da idade do bronze

pra idade do ferro, eles tinham objetos de ferro, e quando os índios veem aqueles objetos

de ferro os índios piram, porque isso significa um avanço na humanidade de 300 mil anos,

400 mil anos, sai da idade da pedra pra idade do ferro instantaneamente, então os índios

não eram burros... e quando eles viram faca, faca era bom de matar, matar ah ah ah, e além

de ser bom de ah ah ah matar, ainda servia pra cortar o peixe, cortar fruta, pra cortar

isso, cortar aquilo...

Outra coisa que eles piraram, isso é um parêntesis, já falei num episódio lá sobre o cabelo,

é pente!

As mulheres especialmente, mas os homens também piraram se penteando, se penteando, se penteando

e olhando no espelho também... e aí olhavam ali o espelho e tal... mas acima de tudo os

machados, cara... as facas, os machados e os anzóis.

Os anzóis também piraram eles.

Eles tinham anzóis mas não eram tão bons quanto os anzóis de metal.

E então, por exemplo, pra derrubar uma árvore de pau brasil com um machado de pedra, se

levava de três a quatro horas, e pra derrubar com um machado de metal levava vinte

minutos.

Então, pô, os índios pois é.

Então os índios queriam, queriam, queriam coisas de ferro e tal e trocavam por pau brasil.

Eles derrubavam o pau brasil, era em toras que tinham mais ou menos um metro e cinquenta,

pra serem transportadas, e um peso médio de 35, 40 quilos cada uma delas, e elas ficavam

armazenadas dentro dessas feitorias, onde morava apenas um único feitor que ficava

sozinho quase toda a maior parte do ano... os índios abatiam as árvores de pau brasil,

derrubavam o pau brasil por volta de dezembro, janeiro e fevereiro e os navios que saíam

sempre de Lisboa em março, como é o caso desse, como é o caso do Cabral, que saiu

no dia 9 de março de 1500, esse aí saiu no dia seis de março de 1511... chegavam

mais ou menos em abril, que nem o Cabral chegou em abril!

Ehhhh, que lógica, né.

E aí recolhiam o pau brasil, demoravam um tempo porque tinham que carregar, bababá,

enchiam o navio até os gargumilho, e voltavam pra Portugal com a carga, preciosa carga de

pau brasil.

Só que junto eles também levavam papagaios, onças, jaguatiricas, e macacos, saguis, que

valiam um dinheirão lá...

Depois eu chego nessa parte, tá, não interessa, não enche meu saco, eu vou voltar pros animais.

E aí eles então estão ancorados em...

Na baia de Salvador...

Cara, não tô nem na metade do episódio, vai demorar mais de uma hora esse, não enche

meu saco, eu falo o quanto eu quiser, se quiser desliga, vai pra outro canal, tu não vai

encontrar isso em nenhum outro canal.

Aí ele, eles tão lá na Bahia de Todos os Santos quando o feitor do navio percebe que

desapareceram seis machados.

Seis mach... não sei se é bem seis, não interessa.

Desapareceram acho que seis mesmo machados, e algumas facas.

Ou seja, alguém roubou pra comercializá-las diretamente com os indígenas.

Cara, era assim, era um quartel como eu falei, não podia desaparecer uma agulha, inclusive

tinha, sério, o número de AGULHAS que vinha dentro do navio estava no regimento, era um

negócio assim capitalista selvagem, era cara, tudo anotado, não tem essa de roubar uma

agulha que eu sou teu patrão, seu animal!

Tu imagina um machado, né!

Aí criou aquele climão, papapá, quem é que roubou o machado, quem é que roubou o

machado, blábláblábláblá, né, e aí tiveram que ir pra feitoria de Cabo Frio.


CARVALHINHO, O PRIMEIRO BRASILEIRO - EDUARDO BUENO (1) CARVALHINHO, LE PREMIER BRÉSILIEN - EDUARDO BUENO (1)

"E o Carvalinho, hein" "Que Carvalinho?"

"O Carvalinho, cara, vai me dizer que tu não sabe quem é o Carvalinho!?"

"Não sei quem é Carvalinho nenhum".

Eu tô há dois anos fazendo esse programa e tu ainda não sabe quem é o Carvalinho?

"Não, não sei quem é o Carvalinho!".

Pelo amor de Deus, é a última vez que eu te explico quem é o Carvalinho.

Cara, é porque tu ainda não leu o livro "Náufragos, Traficantes e Degredados"...

porra, desmarquei.

Ehehe desmarquei mesmo.

Cara, o Carvalinho é um personagem fundamental desse livro, se tu não leu o problema é

teu.

Tá, tá bom, mas qual é a do Carvalinho?

Carvalinho é o primeiro brasileiro, o primeiro brasileiro!

Vem aqui conhecer a história dele tu vai gostar demais, é inacreditável!

Puta, esqueci de pensar a rima.

Essa parte pode entrar junto.

Mmmm.

"Machadinho, machadinho, por favor não corte o carvalinho" "Machadinho, machadinho, por

favor não cortem o carvalinho" sabem que um cara um dia desses teve o desplante, o

desplante de dizer que as rimas estão cada vez piores nessa abertura.

São rimas geniais, cara, são rimas fantásticas, e mesmo tendo sido a minha filha quem deu

essa, ela é perfeita, isso que ela nem sabe também a história do Carvalinho, que nem

tu não sabe, e tem tudo a ver com machadinho, cara, machadinho.

Bom, essa história começa cara, ã em fevereiro de 1511 quando uma nau chamada Bretoa...

Por que chamava Bretoa?

Porque tinha sido feita na Bretanha, na Bretanha, que é ali lá em cima na França, junto com

a Normandia e tal, um lugar onde faziam muitas naus e barcos e caravelas, embora as fizessem

também em Portugal.

A questão é que a nau Bretoa pertencia a um consórcio, um consórcio que havia arrendado

a terra do Brasil.

E por que que chamava terra do Brasil?

Porque tinha pau brasil, embora a palavra Brasil não seja só diretamente ligada a

Brasil, tal, blablá, isso é outro assunto.

O fato é que essa nau chamada Bretoa veio para o Brasil para recolher pau brasil de

acordo com o trato, de acordo com o tratado, de acordo com ã, conforme o acordo que havia

sido assinado entre o Fernando, o Fernão de Noronha, o primeiro donatário do Brasil

que a gente chama de Fernando de Noronha, mas o nome original era Fernão de Loronha,

era o nome autêntico, verdadeiro dele, que era um judeu converso, que era representante

em Portugal dos interesses da família Figa, que era uma das famílias mais ricas da Europa,

os monopolistas da prata do Tirol, na Alemanha, riquíssimos, que tinham uma rede de casas

bancárias cuja sede, embora eles fossem alemães, ficava em Londres e esse Fernão de Loronha

era o representante deles em Lisboa, conhecia o rei Dom Manoel, papapá, e arrendou o Brasil

em 1502 até... era um contrato de três anos que ia sendo renovado, né, e ele, só ele,

poderia explorar o pau brasil.

O contrato dele foi renovado três vezes, acabou mais ou menos em 1511 e ele se associou...

tá, não interessa!

Já tá ficando longa demais essa história!

Vai ler, vai ler, essa história tá toda aqui.

O fato é que a nau Bretoa, que pertencia a uma série de armadores, né, que investiam

no trato e no tráfico de pau brasil partiu em fevereiro, dia 6 de fevereiro de 1511 de

Lisboa para o Brasil.

Quando eles partiram, só o capitão sabia pra onde eles tavam indo.

Ele, já em alto mar no dia 12 de março de 1511 foi que ele leu o "regulamento da nau

Bretoa"... o regimento, perdão, o regimento da nau Bretoa.

E esse regimento da nau Bretoa cara, é um documento precioso, um documento incrível

que sobreviveu ao tempo e são seis páginas dizendo o que a nau Bretoa vinha fazer no

Brasil e de que forma as pessoas que estavam dentro daquele navio deveriam se comportar.

Cara, é um documento árido, é um documento chato de ler, por isso que você precisa de

pessoas que nem eu, porque eu li e interpretei pra você o regimento da nau Bretoa, que tu

não ia ter o menor saco de ler... e em troca disso eu espero que pelo menos tu compre esse

livro ou dê dinheiro pro meu canal porque eu tô aqui fazendo essas porra de graça

pra ti e tô começando a encher meu saco e é verdade, depois a gente vai tratar sobre

esse assunto, do meu desconforto de tu não dar dinheiro.

O fato é que eles partem pro Brasil, né, com esse regimento, e é o seguinte: ali no

regimento dizia "estamos indo para o Brasil", só nesse momento que a tripulação ficou

sabendo que tava vindo pro Brasil, eles não sabiam pronde eles tavam indo...

Podia ser pra África, podia ser pra Índia, podia ser...

Não Japão eles não chegaram.

Podia ser pra África ou pra Índia, ou podia ser pro Brasil.

Era pro Brasil.

Estamos indo para o Brasil para recolher toras de pau brasil, essas toras tem que ser recolhidas

no tempo mais rápido possível, elas devem ser acumuladas dentro do navio de forma mais...

que caiba mais toras possível, nenhum espaço deverá ficar vazio e os marujos e demais

integrantes da expedição não podem ããã, como é, aquela palavra, é, dizer palavrão,

tem um nome pra isso... não podem praguejar!

Não podem praguejar, não podem falar mal do nosso senhor Jesus Cristo, não pode cuspir

no chão... porra, não pode cuspir no chão!?

Quando chegar no Brasil só pode ir do barco até a feitoria e da feitoria até o barco...

a feitoria era o estabelecimento, o entreposto comercial onde as toras de pau brasil já

estavam armazenadas pelos indígenas que eles levavam prali...

Não pode falar com os indígenas, não pode comer nenhuma mulher indígena, não pode

isso, não pode aquilo, não pode aquele outro e não pode fugir pra terra, tem que dormir

dentro do navio, blablabláblablá, eram quarteis flutuantes, quarteis flutuantes cara, onde

os caras eram submetidos a uma rígida disciplina, rígida disciplina, e não podiam nada nada

nada, sendo primeiro punidos com penas pecuniárias, eram descontados do seu salário, depois com

chibatadas e depois com desterro, né, com degredo no próprio Brasil.

Bom, o regulamento quando você lê já fica na cara o que os caras, tudo que eles faziam...

eles praguejavam, eles cuspiam, eles transavam com as nativas, eles fugiam do barco... porque

né, se tá escrito "não pode" é justamente aquilo que as pessoas faziam ou tentavam fazer.

Tá, o que interessa é que em abril eles chegam na primeira feitoria que tinha sido

criada, não a primeira, mas...

Existiam só quatro feitorias no Brasil em 1511: uma em Pernambuco, onde ficava o melhor

pau brasil, com mais alta qualidade, né, o corante do pau brasil vindo de Pernambuco

era o melhor de todos, tanto é que chamava "bois de Pernambuque", em francês, "madeira

de Pernambuco", era assim que o pau brasil chamava, era chamado pelos franceses, que

aliás foi quem realmente lucraram com o pau brasil... depois tinha uma na Bahia de Todos

os Santos e aí tinha uma provavelmente em Cabo Frio, que algum dia falarei, uma história

muito incrível, fundada pelo Américo Vespúcio, em 1502, e outra, possivelmente, não se sabe,

essa é misteriosa... essa história que chegaremos... no Rio de Janeiro, na baia de Guanabara, que

talvez fosse a tal "Carioca", que deu origem ao nome, ao topônimo "carioca".

Bom, eles chegam em abril na feitoria de, da Bahia de Todos os Santos, muito próximo

de onde hoje é Salvador.

E iniciam os tratos com os indígenas, as relações com os indígenas... porque cê

sabe, eles davam basicamente machados, facas, miçangas e espelhos pros indígenas.

Passou pra história como "índio quer apito, índio quer miçanga, índio quer guloseima"...

Não cara, é o seguinte: vou ter que abrir mais um parêntesis aqui, vou demorar uma

hora falando nesse episódio, não interessa, se tu quiser tu fica aí, se não quiser vai

pra outro canal, tu não vai encontrar nada nem próximo disso em nenhum outro canal.

Quando os portugueses chegaram no Brasil em 1500 ou talvez provavelmente antes disso...

quando os europeus chegam no Novo Mundo, eles encontram com povos indígenas que viviam

na Idade da Pedra.

Ou seja, eles só tinham pedra, eles não tinham metal...

E os portugueses e europeus em geral já chegam depois de terem passado da idade do bronze

pra idade do ferro, eles tinham objetos de ferro, e quando os índios veem aqueles objetos

de ferro os índios piram, porque isso significa um avanço na humanidade de 300 mil anos,

400 mil anos, sai da idade da pedra pra idade do ferro instantaneamente, então os índios

não eram burros... e quando eles viram faca, faca era bom de matar, matar ah ah ah, e além

de ser bom de ah ah ah matar, ainda servia pra cortar o peixe, cortar fruta, pra cortar

isso, cortar aquilo...

Outra coisa que eles piraram, isso é um parêntesis, já falei num episódio lá sobre o cabelo,

é pente!

As mulheres especialmente, mas os homens também piraram se penteando, se penteando, se penteando

e olhando no espelho também... e aí olhavam ali o espelho e tal... mas acima de tudo os

machados, cara... as facas, os machados e os anzóis.

Os anzóis também piraram eles.

Eles tinham anzóis mas não eram tão bons quanto os anzóis de metal.

E então, por exemplo, pra derrubar uma árvore de pau brasil com um machado de pedra, se

levava de três a quatro horas, e pra derrubar com um machado de metal levava vinte

minutos.

Então, pô, os índios pois é.

Então os índios queriam, queriam, queriam coisas de ferro e tal e trocavam por pau brasil.

Eles derrubavam o pau brasil, era em toras que tinham mais ou menos um metro e cinquenta,

pra serem transportadas, e um peso médio de 35, 40 quilos cada uma delas, e elas ficavam

armazenadas dentro dessas feitorias, onde morava apenas um único feitor que ficava

sozinho quase toda a maior parte do ano... os índios abatiam as árvores de pau brasil,

derrubavam o pau brasil por volta de dezembro, janeiro e fevereiro e os navios que saíam

sempre de Lisboa em março, como é o caso desse, como é o caso do Cabral, que saiu

no dia 9 de março de 1500, esse aí saiu no dia seis de março de 1511... chegavam

mais ou menos em abril, que nem o Cabral chegou em abril!

Ehhhh, que lógica, né.

E aí recolhiam o pau brasil, demoravam um tempo porque tinham que carregar, bababá,

enchiam o navio até os gargumilho, e voltavam pra Portugal com a carga, preciosa carga de

pau brasil.

Só que junto eles também levavam papagaios, onças, jaguatiricas, e macacos, saguis, que

valiam um dinheirão lá...

Depois eu chego nessa parte, tá, não interessa, não enche meu saco, eu vou voltar pros animais.

E aí eles então estão ancorados em...

Na baia de Salvador...

Cara, não tô nem na metade do episódio, vai demorar mais de uma hora esse, não enche

meu saco, eu falo o quanto eu quiser, se quiser desliga, vai pra outro canal, tu não vai

encontrar isso em nenhum outro canal.

Aí ele, eles tão lá na Bahia de Todos os Santos quando o feitor do navio percebe que

desapareceram seis machados.

Seis mach... não sei se é bem seis, não interessa.

Desapareceram acho que seis mesmo machados, e algumas facas.

Ou seja, alguém roubou pra comercializá-las diretamente com os indígenas.

Cara, era assim, era um quartel como eu falei, não podia desaparecer uma agulha, inclusive

tinha, sério, o número de AGULHAS que vinha dentro do navio estava no regimento, era um

negócio assim capitalista selvagem, era cara, tudo anotado, não tem essa de roubar uma

agulha que eu sou teu patrão, seu animal!

Tu imagina um machado, né!

Aí criou aquele climão, papapá, quem é que roubou o machado, quem é que roubou o

machado, blábláblábláblá, né, e aí tiveram que ir pra feitoria de Cabo Frio.