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Porta Dos Fundos 2020, QUARENTENA CRIATIVA

QUARENTENA CRIATIVA

Meu amor, cadê você? Voltei do mercado e não te achei.

Cleiton, eu não estou em casa.

Eu aproveitei que você saiu e fui embora.

Como é que você foi embora e ainda nem levou a sua máscara

de casca de laranja que eu fiz pra você?

Eu aproveitei que você saiu

e vim me isolar na casa da minha irmã.

Não aguento mais o Cleiton da quarentena.

Mas que Cleiton de quarentena?

Não tem Cleiton de quarentena...

eu sou o bom e velho Cleiton, o Cleiton de sempre.

Não é.

O Cleiton de sempre trabalha no financeiro de uma ótica no Méier.

O Cleiton de sempre não acorda 5h da manhã

pra fazer ioga na live da Pugliesi.

E o Cleiton de sempre não faz

-massagem tântrica no nosso gato. -Mas você...

espera aí! Agora você está tocando em um ponto.

Você viu a carinha que ele fez,

que foi uma carinha de alegria, aquele...

que ele fez foi uma sensação

-que ele nunca tinha tido antes. -Eu só quero ficar aqui, olha.

Deitadinha em posição fetal. Tomar muito vinho, dormir

como qualquer pessoa e maratonar minha série.

-É só isso que eu quero fazer. -Meu amor, nesse momento,

é um momento em que está todo mundo aprendendo coisa nova.

Tem tanto curso online, tem personal fazendo live

pra gente manter a saúde em dia.

É hora de aprender...

eu estou até aprendendo idioma.

Aprender idioma é inglês, é francês.

Você está aprendendo búlgaro.

Você não sabe onde fica Bulgária.

-O quê? -Se você tivesse feito búlgaro,

você ia entender a minha resposta com perfeição.

-Você é ridículo, Cleiton. -Típico teu.

Você está me questionando porque você não me aguenta

exercitando a minha criatividade nessa quarentena.

A verdade é uma só.

-Criatividade que você diz, né? -É lógico.

-É isso aqui? -Vai dizer que não gostou?

Eu customizei seu Converse tão bonito.

Está todo mundo fazendo isso, pelo amor de Deus.

Isso é coisa jovem, é a coisa do momento.

-É coisa atual. -Cleiton,

ficou lindo. Eu adorei o que você fez.

Mas você não parou por aí. Olha as minhas roupas.

Pelo amor de Deus, Cleiton.

Olha a minha bolsa. Isso aqui custa três meses de auxílio do Governo.

Eu tinha que lançar a coleção toda.

Se você tivesse assistido a live do Ronaldo Ésper comigo,

você saberia o que eu estou dizendo.

Coleção você diz aquela grife de merda de cachecol pra pombo

que está até hoje cheio de arroz dentro dessa casa.

Como é que eu ia chamar o pombo se eu não jogasse um arroz,

um milho, um resto de comida?

-Um farelo de bolo? -Cagaram minha casa inteira.

Tudo bem. Tá. Eu entendo.

Eu posso estar um pouco exagerando nessa coisa da criatividade.

Não, Cleiton. Não, não, não.

-A culpa é minha, né? -É.

Como sempre, como você sempre diz, a culpa é minha.

Eu acho que eu que tenho que me abrir às novas experiências.

Eu acho isso um pouco, meu amor.

A gente tem que estar aberto pra absorver, pra receber.

Se transformar em uma pessoa melhor, hein?

É, Cleiton, é verdade. Você tem razão.

Eu vou fazer o seguinte. Eu vou dar uma malhada

com o meu personal, né?

Estou precisando me movimentar muito nessa quarentena.

Exatamente. É bom que libera.

É bom que te solta um pouco. Agora, eu não sabia que Sérgio

e teu pessoal estava fazendo live, não.

Não, ele não está.

Como assim?

Ô, Marta. Não, espera aí.

Marta, volta aqui. Marta. Não desliga, não.

Fala, galera. Como é que vocês estão?

Na quarentena? Confinados?

Pois é, difícil ter o que fazer, né?

Depois que a Marta me largou, eu fiquei um pouco também...

andando sozinho olhando pro vazio.

Mas é por isso que eu fiz o quê?

Eu construí a Telma.

Pode ser uma boca dica de companhia nessa quarentena.

É um abacate, olha que bacana, ainda não maduro, tá?

Porque é pra durar mais. Porque já, já fica mole,

ela se desfalece e a gente brinca que é lepra.

E a gente se diverte pra caramba.

Por isso que olha o que eu fiz.

Customizei o outro Converse aqui, olha.

A gente se diverte muito junto.

A Telma me adora.

Telma, volta aqui, Telma. Que isso?

Gente, a Telma foi embora.

QUARENTENA CRIATIVA

Meu amor, cadê você? Voltei do mercado e não te achei.

Cleiton, eu não estou em casa.

Eu aproveitei que você saiu e fui embora.

Como é que você foi embora e ainda nem levou a sua máscara

de casca de laranja que eu fiz pra você?

Eu aproveitei que você saiu

e vim me isolar na casa da minha irmã.

Não aguento mais o Cleiton da quarentena.

Mas que Cleiton de quarentena?

Não tem Cleiton de quarentena...

eu sou o bom e velho Cleiton, o Cleiton de sempre.

Não é.

O Cleiton de sempre trabalha no financeiro de uma ótica no Méier.

O Cleiton de sempre não acorda 5h da manhã

pra fazer ioga na live da Pugliesi.

E o Cleiton de sempre não faz

-massagem tântrica no nosso gato. -Mas você...

espera aí! Agora você está tocando em um ponto.

Você viu a carinha que ele fez,

que foi uma carinha de alegria, aquele...

que ele fez foi uma sensação

-que ele nunca tinha tido antes. -Eu só quero ficar aqui, olha.

Deitadinha em posição fetal. Tomar muito vinho, dormir

como qualquer pessoa e maratonar minha série.

-É só isso que eu quero fazer. -Meu amor, nesse momento,

é um momento em que está todo mundo aprendendo coisa nova.

Tem tanto curso online, tem personal fazendo live

pra gente manter a saúde em dia.

É hora de aprender...

eu estou até aprendendo idioma.

Aprender idioma é inglês, é francês.

Você está aprendendo búlgaro.

Você não sabe onde fica Bulgária.

-O quê? -Se você tivesse feito búlgaro,

você ia entender a minha resposta com perfeição.

-Você é ridículo, Cleiton. -Típico teu.

Você está me questionando porque você não me aguenta

exercitando a minha criatividade nessa quarentena.

A verdade é uma só.

-Criatividade que você diz, né? -É lógico.

-É isso aqui? -Vai dizer que não gostou?

Eu customizei seu Converse tão bonito.

Está todo mundo fazendo isso, pelo amor de Deus.

Isso é coisa jovem, é a coisa do momento.

-É coisa atual. -Cleiton,

ficou lindo. Eu adorei o que você fez.

Mas você não parou por aí. Olha as minhas roupas.

Pelo amor de Deus, Cleiton.

Olha a minha bolsa. Isso aqui custa três meses de auxílio do Governo.

Eu tinha que lançar a coleção toda.

Se você tivesse assistido a live do Ronaldo Ésper comigo,

você saberia o que eu estou dizendo.

Coleção você diz aquela grife de merda de cachecol pra pombo

que está até hoje cheio de arroz dentro dessa casa.

Como é que eu ia chamar o pombo se eu não jogasse um arroz,

um milho, um resto de comida?

-Um farelo de bolo? -Cagaram minha casa inteira.

Tudo bem. Tá. Eu entendo.

Eu posso estar um pouco exagerando nessa coisa da criatividade.

Não, Cleiton. Não, não, não.

-A culpa é minha, né? -É.

Como sempre, como você sempre diz, a culpa é minha.

Eu acho que eu que tenho que me abrir às novas experiências.

Eu acho isso um pouco, meu amor.

A gente tem que estar aberto pra absorver, pra receber.

Se transformar em uma pessoa melhor, hein?

É, Cleiton, é verdade. Você tem razão.

Eu vou fazer o seguinte. Eu vou dar uma malhada

com o meu personal, né?

Estou precisando me movimentar muito nessa quarentena.

Exatamente. É bom que libera.

É bom que te solta um pouco. Agora, eu não sabia que Sérgio

e teu pessoal estava fazendo live, não.

Não, ele não está.

Como assim?

Ô, Marta. Não, espera aí.

Marta, volta aqui. Marta. Não desliga, não.

Fala, galera. Como é que vocês estão?

Na quarentena? Confinados?

Pois é, difícil ter o que fazer, né?

Depois que a Marta me largou, eu fiquei um pouco também...

andando sozinho olhando pro vazio.

Mas é por isso que eu fiz o quê?

Eu construí a Telma.

Pode ser uma boca dica de companhia nessa quarentena.

É um abacate, olha que bacana, ainda não maduro, tá?

Porque é pra durar mais. Porque já, já fica mole,

ela se desfalece e a gente brinca que é lepra.

E a gente se diverte pra caramba.

Por isso que olha o que eu fiz.

Customizei o outro Converse aqui, olha.

A gente se diverte muito junto.

A Telma me adora.

Telma, volta aqui, Telma. Que isso?

Gente, a Telma foi embora.