8 medidas cruciais para frear a covid-19, segundo cientistas espanhóis
Você provavelmente tem visto cientistas alertarem que a principal forma de transmissão da covid-19
é pelo ar.
Inclusive eu gravei um vídeo explicando exatamente como isso é importante pra gente entender
quais são as medidas mais eficazes.
Os cientistas têm explicado que a desinfecção de superfícies, como corrimão, maçaneta
e botões de elevador, não tá nem perto de ser algo que garante proteção contra
o coronavírus.
O que funciona, então, na tarefa de frear o coronavírus?
Eu sou Laís Alegretti, da BBC News Brasil aqui em Londres, e neste vídeo eu falo de
oito medidas-chave para ajudar a frear a transmissão.
Essas medidas foram listadas por cem cientistas espanhóis
em uma carta aberta a autoridades da Espanha.
As informações que eu vou passar aqui são com base num artigo de María Cruz Minguillón,
do Conselho Superior de Pesquisa Científica da Espanha, publicado no site The Conversation,
e a gente reproduziu no site da BBC News Brasil.
Esse grupo de cientistas propõe que os esforços sejam concentrados em medidas que diminuam
a ocorrência de aglomerações em locais pouco ventilados, responsáveis pela maioria
das transmissões da covid-19.
O documento é assinado por especialistas em várias áreas, como virologia, engenharia,
ciências ambientais e medicina.
E você vai ver que as dicas são muito práticas e ajudam a entender o que é mais perigoso,
mas eu infelizmente preciso lembrar aqui que a carta foi feita no contexto da Espanha,
que já saiu do seu pior momento da pandemia -- o que não é o caso do Brasil.
Dito isso, vamos às recomendações:
Esses cientistas defendem que máscaras ineficazes sejam retiradas do mercado.
Inclusive argumentam que uma máscara que deixe espaços entre as bordas e o rosto,
ou seja, que não tem uma boa adesão, pode ter sua eficácia reduzida pela metade.
Vocês já ouviram a gente contar aqui que a explicação é exatamente que o ar passa
por esses espaços sem ser filtrado.
Aí, esses cientistas defendem que apenas máscaras com boa adesão ao rosto fiquem
disponíveis.
E o uso delas em locais fechados, como ambientes de trabalho, deve ser contínuo.
Eu também fiz um vídeo sobre isso, explicando a importância de máscaras como a N95 e PFF2.
Depois dá uma olhada lá.
O segundo ponto é a preferência por atividades ao ar livre e o acesso mais fácil a parques
e jardins.
E aqui eles dizem que não entram nessa categoria o que chamam de “falsos ambientes externos”,
como terraços fechados.
Como a gente já falou aqui, as chances de pegar covid num ambiente aberto são muito
menores.
Mas lembrando aqui que, com o coronavírus circulando fortemente no Brasil, mesmo ao
ar livre, aquela distância de dois metros deve continuar sendo respeitada.
E conversar com alguém de perto por um tempo mais prolongado, por exemplo, é um comportamento
de risco.
A terceira medida é exatamente sobre melhorar as condições nos ambientes internos.
O artigo cita que estudos indicam que o risco de ser infectado em ambientes fechados chega
a ser 20 vezes maior do que ao ar livre.
Por isso, eles devem ser ventilados com ar de fora de forma contínua e suficiente.
E devem ser evitados, claro, sempre que possível.
O que acontece é que as gotículas de saliva ou fluidos respiratórios que as pessoas infectadas
soltam ao respirar, falar, tossir podem ficar flutuando por horas no ambiente.
Nesse tempo, elas podem se deslocar por vários metros.
María Cruz Minguillón comparou a uma piscina: se colocarmos uma pequena quantidade de corante
em algum cantinho dessa piscina, logo toda água vai ter
mudado de cor.
Mesmo quem não estava perto inicialmente entra em contato com a água colorida.
Os aerossóis se comportam de forma parecida se não houver uma ventilação adequada,
segundo ela.
E voltando à piscina: se adicionarmos água limpa com frequência, a concentração desse
corante vai diminuindo.
É o que acontece com os ambientes: se estão bem ventilados, os aerossóis se dissipam
com mais rapidez, deixando esse lugar mais seguro pra você.
E a María Cruz Minguillón explica como ficamos sabendo disso tudo: além do conhecimento
da dinâmica de fluidos e aerossóis que os cientistas já tinham antes da pandemia, vários
estudos foram realizados no último ano.
Alguns detectaram o Sars-Cov-2 no ar de ambientes internos.
E experimentos com animais mostraram que o contágio existe mesmo sem contato algum.
E Minguillón faz outro alerta importante: Hoje "a gente já sabe que as pessoas infectadas
são contagiosas principalmente antes de apresentarem sintomas, os pré-sintomáticos, ou quando
sequer
apresentam sintomas, os assintomáticos".
Ou seja: "É impossível, na ausência de testes com
diagnóstico imediato, confiáveis e abundantes, saber quem é contagioso e quem
não é.
Portanto, é preciso agir como se todas as pessoas tivessem o coronavírus.
Temos que nos proteger continuamente", ela diz.
A quarta medida pode soar novidade para muita gente, mas tem sido cada vez mais citada.
Como emitimos gás carbônico no processo de respiração, uma boa forma de saber se
um ambiente está bem ventilado é medindo a quantidade dessa substância no ar.
Junto com o CO2, também liberamos aerossóis que podem estar contaminados.
O controle da quantidade do gás é apontado como a melhor solução atualmente
disponível para indicar o risco de contágio em um ambiente.
Quer dizer, indicar quanto que está circulando de ar ali
Aparelhos que fazem essa medição tem se popularizado pelo mundo.
Os especialistas defendem ainda que a população deve ter acesso a informações sobre a eficácia
e os riscos das tecnologias de filtragem de ar.
Isso inclui saber sobre as recomendações de uso de cada tecnologia e as certificações
de fabricantes.
Os filtros com a tecnologia HEPA, que têm alta eficiência na retenção de partículas,
são destacados pelo grupo como exemplos para remover
aerossóis.
Eles são usados em aparelhos como purificador de ar e ar-condicionado e são instalados
em hospitais e aviões, por exemplo.
Na sexta medida, os especialistas alertam para o risco de lugares como escolas e universidades.
Esses ambientes são propícios para situações de super contágio:
Isso porque muitas ficam pessoas reunidas em ambientes fechados que muitas vezes não
são bem ventilados.
E, para piorar, por muitas horas.
Os cientistas pedem atenção especial a esse setor, com melhorias na ventilação e controle
da quantidade de gás carbônico.
A carta também pede que sejam estabelecidos critérios e regras claras e eficazes para
reduzir o risco de contágio.
O documento sugere um limite de 700 a 800 partes por milhão de CO2 em ambientes fechados
compartilhados.
Esse limite sobe para 1000 partes por milhão se houver filtragem suficiente, segundo a
sugestão do grupo
A última proposta do grupo defende a divulgação de informações de qualidade, que sejam claras
e acessíveis, sobre as formas de transmissão do vírus e como se proteger dele.
Esses materiais devem ser elaborados de forma que a população entenda a lógica por trás
das regras e consiga implantá-las na vida real.
Eu fico por aqui.
Espero que esse vídeo tenha sido útil para você.
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não fez isso
e se cuida, até a próxima!