O que existe dentro de um buraco negro? ||||||hole| Was befindet sich im Inneren eines Schwarzen Lochs? What is inside a black hole? ¿Qué hay dentro de un agujero negro? Qu'y a-t-il à l'intérieur d'un trou noir ? Cosa c'è dentro un buco nero? ブラックホールの中には何があるのか？ 블랙홀 안에는 무엇이 있을까요? Wat zit er in een zwart gat? Co znajduje się wewnątrz czarnej dziury? Kara deliğin içinde ne var? Що знаходиться всередині чорної діри?

Alguma coisa nos buracos negros  atiça a nossa imaginação |||||éveille||| |||||stirs||| |||ブラックホール|||||想像力 |||||aviva||| ブラックホールには私たちの想像力をかき立てる何かがあります

Talvez seja o fato de que, para que um buraco  negro se forme, uma estrela tem que morrer |||||||||trou noir|||||||| ||||||||||||form|||||die |||事実|||||||||||||| ||||||||||||se forme -> se forme||||| おそらく、ブラックホールが形成されるためには星が死ななければならないという事実がその理由です

Talvez seja o fato de que o que entra ali  não consegue escapar, ou a ideia de que, |||fact|||||enters||||||||| ||||||||入る||||||||| Maybe it's the fact that whatever gets in there can't escape, or the idea that, おそらく、そこに入ったものは逃げられないという事実や、という考えがその理由かもしれません

no coração de um deles, o tempo e o  espaço não funcionam como conhecemos |heart||||||||||||we know in the heart of one of them, time and space do not work as we know them

Tudo o que eu acabo de dizer soa  poético, mas não é só isso: é literal ||||just||||||||||| Everything I just said sounds poetic, but it's not just that: it's literal.

Qualquer que seja a resposta, os buracos  negros, e em particular o seu centro, ||||||||||in particular||| ||||||agujeros negros|||||||

a chamada singularidade, são um dos  fenômenos mais enigmáticos do universo ||||||phenomena|||| ||singularidad||||||enigmáticos||

Há mais de 100 anos vivemos no  universo definido por Albert Einstein ||||vivons|||||Albert|Einstein |||||||||Albert Einstein| For over 100 years we have lived in the universe defined by Albert Einstein

Sua teoria da relatividade geral  permitiu explicar desde a origem |||relativity|||||| |||relatividad|||||| His theory of general relativity made it possible to explain from the beginning

do Universo até as órbitas dos planetas. O que Einstein não conseguiu prever é que, ||||||planets||||||predict|| from the Universe to the orbits of the planets. What Einstein failed to predict is that,

da sua teoria revolucionária, se derivava a  possibilidade de que no Universo existissem ||||||||||||exist |||||se derivaba|||||||existieran from his revolutionary theory, derived the possibility that in the Universe there

os fenômenos astronômicos que hoje  conhecemos como buracos negros ||astronomical|||||| ||astronómicos|||||| the astronomical phenomena we now know as black holes

São regiões no espaço onde a força de  gravidade é tão poderosa de onde nada, |regions|||||force||||||||

nem ao mesmo a luz, consegue sair. E apesar do fato de que uma foto de ||||||||despite the fact||||||photo|

um buraco negro não seria vista até 2019,  a prova de sua existência já estava lá, |||||||||||existence|||

nas próprias equações de Einstein. Ele mesmo se negou a aceitar isso, |own|equations||||||denied||accept| ||ecuaciones|||||||||

porque achava que as leis da natureza  não seriam capaz de criá-los |thought||||||||||create|

Tinha que haver algum outro processo  desconhecido que evitasse sua formação ||||||||prevented|| There had to be some other unknown process that prevented their formation.

É que aceitar a existência dos buracos  negros também é reconhecer que no seu

interior se esconde a singularidade, esse ponto  no espaço onde todas as leis da natureza que

conhecemos deixam de funcionar. O “não” decisivo de Einstein, we know stop working. Einstein's decisive "no",

que ele inclusive publicou na revista  de matemática mais respeitada do mundo, |||||||||respected||

foi um obstáculo para o estudo dos buracos negros was an obstacle to the study of black holes

Afinal de contas, o pai da relatividade geral  estava dizendo que eles eram impossíveis After all||after all||father||||||||| After all, the father of general relativity was saying they were impossible.

Mas, em 1965, o físico Roger Penrose conseguiu  demostrar matematicamente que no universo de ||||Roger|Penrose||||||| ||||Roger|Penrose||demostrar|||||

Einstein as singularidades não só são  possíveis, como também são inevitáveis

Foi por causa dessa descoberta que Penrose ganhou  o prêmio Nobel de Física de 2020, aos 89 anos |||||||a gagné||||||||

A completa aceitação dos buracos negros por parte  da comunidade científica não quer dizer que todos ||acceptance||||||||||||| ||||agujeros negros|||||||||||

os mistérios contidos neles estejam resolvidos,  muito menos os relacionados à singularidade ||contenus||||||||| ||contenidos en ellos|||||||||

Como esses conceitos são bastante complexos, eu  vou começar explicando a formação dos buracos ||concepts|||||||||||

negros por algo mais comum: esta mesa de madeira. Você enxerga uma mesa e sente que ela é sólida, ||||||||||voit|||||||| ||||||||||see||||||||solid ||||||||||ve||||||||

mas sua densidade é de apenas  algumas gramas por centímetro cúbico ||density|||||||| |||||||gramos||centímetro cúbico|cúbico

Na escala dos buracos negros, isso é  um material que está muito disperso ||||||||||||sparse ||||||||||||muy disperso

Ou seja, para transformar essa mesa em um  buraco negro, seria necessário comprimir ||||||||||||compress ||||||||||||comprimir

esse material para que ele tivesse  uma densidade incrivelmente alta ||||||||incredibly|

O problema é que o material vai resistir  a ser comprimido. E quanto mais eu tente ||||||||||compressed|||||

apertá-lo e mais exerça pressão sobre  ele, maior será sua resistência squeeze it||||exert||||||| apriétalo||y|||||||||

É preciso um evento muito poderoso para  gerar suficiente energia ao redor da mesa

para comprimi-la a um volume tão pequeno  e tão denso que produza um buraco negro |comprimirla|||||||||||produzca|||

Um exemplo de evento capaz de liberar uma  quantidade assim de energia é a supernova ||||||||||||||supernova

É o que ocorre quando uma estrela massiva, ou  seja, uma estrela que é pelo menos 30 vezes ||||when||||||||||||

maior que o nosso Sol, morre e, em questão  de segundos, provoca uma mega explosão

Em seguida, ela colapsa sobre si  mesma, formando um buraco negro |||colapsa sobre sí misma||||formando|||

Esse processo é responsável pela formação dos  buracos negros estelares, que são os mais comuns |||||||||stellaires||||| |||||||||estelares|||||

De acordo com os cálculos mais recentes, só na  Via Láctea há entre 10 milhões e 1 bilhão deles

Há também outro tipo de buraco negro chamado  de supermassivo, que os astrônomos acreditam |||||||||supermasivo|||astrónomos creen|

que ficam no centro de praticamente todas  as grandes galáxias, incluindo a Via Láctea

Na verdade, foi por causa dele que  Penrose não ganhou o Nobel sozinho ||||||||||||alone

Ele o compartilhou com outros cientistas  que descobriram um objeto no centro da ||lo compartió||||||||||

nossa galáxia que se acredita ser um  desses buracos negros supermassivos ||||||||||supermasivos

Eu digo que “se acredita” porque, a  rigor, o que se sabe é que nessa região |||||||à rigueur|||||||| |||||||strictly|||||||| |||||||a rigor, lo||||||||

existe um objeto invisível e incrivelmente  pesado que faz com que as estrelas ao seu

redor se movam a velocidades impressionantes. Para entender por que esta é uma boa pista de ||||||||||||||clue| ||se muevan|||||||||||||

que aquilo pode ser um buraco negro, é preciso  pensar que esses objetos são como tudo o que |cela||||||||||||||||

tem massa e imaginar o espaço (que tecnicamente  se chama espaço-tempo) como uma cama elástica

Mas vamos por partes. A Terra e a Lua são ||||||||Lune|

exemplos de corpos celestes que têm massa. A  primeira, é claro, tem mais do que a segunda |||celestial|||||||||||||

A massa da Terra distorce o espaço-tempo ao  seu redor, mas também o que rodeia a Lua ||||détourne|||||||||||entoure|| ||||distorts||||||||||||| ||||distorsiona|||||||||||rodea a||Luna

Essa é a razão pela qual a  Lua gira ao redor da Terra

Só que a estrela que forma um buraco negro  pode ser desde algumas dúzias de vezes até |||||||||||||dizaines||| |||||||||||||docenas de veces|||

bilhões de vezes maior do que o nosso Sol. Como no exemplo da mesa de madeira, a massa

dessa estrela, após o colapso, fica comprimido  em um volume infinitamente pequeno e denso ||||||||||infinitamente pequeño|||

Por isso, a distorção que ela provoca ao seu  redor é tão poderosa que nada consegue escapar |||distorsión|||||||||||||

da sua influência, caso chegue perto o suficiente. Esse ponto de não retorno é o chamado horizonte de ||||arrive||||||||||||| ||||llegue|||||||||||||

eventos, uma espécie de fronteira ao redor  de um buraco negro que marca o que está

dentro e o que está fora dele. Quando algo cruza esse limite, |||||||||cruza ese límite||

já não há como voltar atrás. Fica desconectado do  Universo e não sabemos qual é seu destino final |||||||desconectado del universo||||||||||

O que sabemos é que ali dentro tudo se  encaminha para a singularidade, o ponto |||||là||||s'oriente||||| |||||||||leads||||| |||||||||se dirige a|||||

no centro do buraco negro. E é nesse ponto em que  o espaço e o tempo, como os conhecemos, terminam

É porque, ali, as equações de Einstein  já não têm sentido. Na verdade, nenhuma ||||ecuaciones|||||||||

das leis da natureza que conhecemos funcionam. Por isso há quem diga que os buracos negros e, ||||||||||||||agujeros negros||

mais concretamente, a singularidade,  são o maior problema ainda não

resolvido da física teórica atual. São o lugar onde os cientistas se |||teórica actual||||||||

veem forçados a reconhecer que nosso  conhecimento do Universo tem um limite

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que é importante para a gente. E não deixem de ver também a nossa animação ||||||||ne laissez||||||

sobre a teoria da relatividade geral de Einstein, vale muito a pena ||||relatividad|||||||

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