PROVA FINAL - PARA NA ESCOLA | PARAFERNALHA
Bom dia, turma. Tudo bem?
Eu espero que não.
Como todo mundo sabe, hoje é dia de prova final, então…
quanto mais cedo se começarmos, mais cedo terminamos, então por obséquio…
arrumem a sala.
- Ué Renatinho, não vai lá pra trás hoje, não? - Pra quê, Cauê?
- Pra quê? Pra fazer o que você sempre faz, colar lá no fundão.
Pra que, hein? Pra que eu vou fazer isso, pra quê?
- O que tá acontecendo contigo, Renatinho? - Ah, cara essa prova aí.
Já sei, não estudou de novo. Me conta uma novidade, Renatinho.
- Toda vez a mesma coisa. - Muito pelo contrário.
Passei a semana toda estudando que nem um condenado.
- Ih, professor, o Renatinho tá estranho aqui. - Renatinho!
Sai dessa sala. AGORA!
Não, volta aqui rapidinho. Só me conta o porquê dessa vez.
- Porque eu estudei. - Você estudou pra prova?
- Eu estudei, professor. - Pra essa prova aqui?
Tudo bem, não, desculpa é que eu tô tão… Desculpa.
Ô, Renato, mas me conta o que tá acontecendo.
Vou te mandar a real, Cauê. Eu tô de saco cheio já, tá ligado?
Todo dia a mesma coisa, todo ano a mesma matéria. Escola, escola, matéria, escola.
- Tô de saco cheio de olhar para cara de vocês. - Ai, ignorante!
Não me leva a mal também, não, tu é até um cara responsa de vez em quando…
menos aquela vez que tu não me deu cola que a gente caiu na porrada.
Pô, mas pra mim já deu, maluco. Pra mim já deu. Papo sério.
Renatinho, pra mim tu tá reclamando de barriga cheia.
Porque tu sabe que o mercado de trabalho lá fora tá uma crise danada, né?
- E aqui você tem tudo. - Tem tudo, mas não realizei meu sonho.
Eu tenho um sonho. Eu quero fazer um curso técnico de solda.
Eu quero me tornar o maior soldador do país pra participar do campeonato de solda.
- Cara, que sonho mais merda é esse? - Tá vendo como é que tu não respeita o sonho dos outros?
Tá vendo? Tu é debochado, cara. Tu é debochado pra caraca.
Mas é meu sonho. É o meu sonho e eu tenho que realizar o meu sonho.
E se eu não realizar, o que vai ter pra minha vida? O que vai sobrar pra minha vida?
- Só uma bolsa de não-estudo e um Corolla. - Corolla? Tu tem um Corolla, Renatinho?
É o nome do meu cachorro, cara, é um Pinscher que parece mais o Fiat Uno dos cães.
Estão se divertindo? Estão bem servidos? Querem um queijinho provolone…
- um salaminho, talvez, azeitona? - Azeitona eu gosto.
Professor, pelo amor de Deus, deixa a gente conversar aqui que a gente tá batendo papo.
Eu não sou nenhum palhaço, não! Ou vocês dois parem de conversar…
ou eu dou zero pra vocês pro resto da vida!
- Tá, mas vai dar tudo certo. - Cauê…
- Tu acha mesmo que eu vou passar de ano? - Claro que não, né Renatinho.
Se liga! Mas, olha, vai dar tudo certo. Eu sei que eu já passei, então tá de boa.
- Valeu. - Tamo junto.
Luana Vitória.
Olha, assistir o 7x1 doeu menos que corrigir sua prova, ein. Vai, senta.
E agora… Renato Augustinho Drable.
- Tô chocado, hein? - Foi tão ruim assim, professor?
Olha aí.
Você passou.
Caraca, eu passei moleque, eu passei, eu passei!
Estamos juntos agora no segundo ano, meu irmão!
Quê? Segundo ano?
Óbvio, né, Renatinho, você achou que depois do primeiro ano vinha o quê?
- Tem segundo ano? - Ai, Renatinho tu é um lerdo, hein?
Droga de colégio!